
A Polícia Civil do Rio afirmou, nesta sexta-feira (31), que o Complexo da Penha e o Complexo do Alemão se transformaram em um quartel-general nacional do Comando Vermelho (CV), funcionando como base de formação de criminosos vindos de vários estados do país. A declaração foi feita pelo chefe da corporação, delegado Felipe Curi, durante coletiva que apresentou dados e a lista parcial dos mortos na Operação Contenção, a mais letal já registrada no país.
Segundo Curi, os números confirmam um alerta feito pela Polícia Civil há cinco anos: o Rio passou a ser destino de faccionados de outras regiões, que chegam para receber treinamento militar e depois retornam para difundir o modelo de guerra urbana imposto pelo CV.
“As favelas se transformaram em bases operacionais e locais convidativos para criminosos de outros estados. Hoje temos a constatação disso, marginais vêm ao Rio para serem formados e voltam para propagar ensinamentos. Não existia isso há cinco anos”, afirmou.
Origem dos mortos: 40 de fora do Rio
Do total de 117 traficantes mortos na megaoperação, 79 já foram identificados. Entre eles:
40 são de outros estados, número considerado inédito pelas autoridades:
• 13 do Pará
• 7 do Amazonas
• 6 da Bahia
• 4 do Ceará
• 4 de Goiás
• 3 do Espírito Santo
• 1 da Paraíba
• 1 do Mato Grosso
A Polícia Civil destacou a presença de lideranças fora do eixo fluminense, como:
• “Russo”, apontado como chefe do tráfico em Vitória (ES)
• “Chico Rato”, liderança do crime em Manaus (AM)
• “Mazola”, influente em Feira de Santana (BA)
• Fernando Henrique dos Santos, ligado ao tráfico em Goiás
“Eles recebem tática de guerrilha, partem daqui as ordens para matar servidores e aterrorizar comunidades do Brasil inteiro”, disse Curi.
As investigações mostram que a Penha, especialmente, se tornou o principal santuário da facção para criminosos de alta periculosidade por dois motivos: proteção e impunidade.
Proteção e impunidade. “A Penha e o Alemão deixaram de ser áreas do CV apenas do Rio. Viraram um QG nacional”, afirmou o secretário.
Curi lembrou que a Polícia Civil alertou, em 2020, que limitações judiciais às incursões policiais em comunidades reforçariam o poder armado da facção: “Alertamos que essas restrições implicariam no fortalecimento do crime. Infelizmente, agora se comprova.”
Segundo o governo, todos os identificados tinham ficha criminal relevante, incluindo homicídios, tráfico, sequestros e ataques a policiais.
Operação Contenção
• 2,5 mil agentes envolvidos
• 117 criminosos mortos
• 113 suspeitos presos
• 4 policiais mortos e outros feridos


