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‘Home office do crime’: CV paga até R$150 mil para comandar traficantes amazonenses no RJ

Corpos de amazonenses mortos na capital fluminense são trasladados para Manaus. Investimento inclui oferta de escolta armada para os traficantes.

Os corpos dos sete amazonenses mortos durante a Operação Contenção, realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, começaram a chegar ao Amazonas neste domingo (2). A liberação ocorreu após o término das perícias no Instituto Médico-Legal (IML) fluminense, concluídas pela Polícia Civil do Rio. Seis dos 121 mortos na megaoperação de combate à facção Comando Vermelho no Rio de Janeiro, na terça-feira (28), são do Amazonas.

Os levantamentos apontam que os complexos da Penha e do Alemão funcionavam como bases logísticas e de treinamento do Comando Vermelho (CV), com forte articulação entre o Rio de Janeiro e a Região Norte. A capital fluminense, segundo as investigações, abrigava líderes da facção foragidos de outros estados.

Além disso, com a operação ficou comprovado que por investigações da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) que chefes do Comando Vermelho (CV) que atuam no estado estão operando o tráfico de drogas de forma remota, a partir de comunidades no Rio de Janeiro.

Segundo o secretário Marcus Vinícius Almeida, em entrevista ao Estadão, os criminosos se estabeleceram em áreas dos complexos da Penha e do Alemão, onde organizam as atividades à distância, em esquema que vem sendo chamado de “home office do crime”.

As autoridades identificaram que os 13 principais líderes da facção no Amazonas, entre eles Sílvio Andrade Costa, conhecido como “Barriga”, e Caio Cardoso dos Santos, o “Mano Caio”, estão foragidos e escondidos nessas regiões.

Ainda de acordo com a SSP-AM, para manterem proteção e evitar prisões, os chefes do grupo pagam valores que variam de R$ 50 mil a R$ 150 mil por mês a traficantes locais do Rio de Janeiro

A migração das lideranças do CV do Amazonas para o Rio de Janeiro teria se intensificado após prisões de integrantes importantes da facção em outros estados e países. Entre os casos citados, está o de Ocimar Prado Júnior, conhecido como “Coquinho”, preso no Paraguai em 2023.

Durante a operação, as forças de segurança apreenderam armamentos avaliados em R$ 12,8 milhões, entre eles 93 fuzis de fabricação estrangeira. O material seria utilizado em rotas de tráfico que se estendem até o Norte do país.

As investigações seguem em andamento, com cooperação entre as forças de segurança do Amazonas e do Rio de Janeiro e a Defensoria Pública do Rio informou que segue prestando apoio às famílias das vítimas. O órgão havia solicitado participação nas perícias do IML, com base na ADPF das Favelas, mas o pedido foi negado pela Polícia Civil.

Até a última atualização, seis dos nove apontados como naturais do Amazonas já tinham a naturalidade especificada nos registros oficiais. São eles:

  • Francisco Myller Moreira da Cunha, conhecido como Gringo ou Suíça
  • Naturalidade: Eirunepé (AM)
    Nascido em 27/10/1993 — 32 anos
  • Douglas Conceição de Souza, conhecido como Chico Rato
    Naturalidade: Manaus (AM)
  • Nascido em 05/12/1992 — 32 anos
  • Waldemar Ribeiro Saraiva, conhecido como Fantasma
    Naturalidade: Manaus (AM)
    Nascido em 24/10/2004 — 21 anos
  • Cleideson Silva da Cunha, conhecido como Loirinho
    Naturalidade: Manaus (AM)
    Nascido em 23/10/2000 – 25 anos
  • Hito José Pereira Bastos, conhecido como Dimas
    Naturalidade: Amazonas
    Nascido em 30/04/1994 — 31 anos
  • Lucas Guedes Marques
    Naturalidade: Manaus (AM)
    Nascido em 30/10/1996 — 29 anos

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