O avanço do patrulhamento nos rios e o uso da inteligência policial colocam o Amazonas na linha de frente da guerra contra o tráfico na Amazônia.

O volume total de entorpecentes apreendidos no Amazonas este ano já atingiu a marca de 36.476 quilos, número que representa 84,3% do total de 2024, quando foram retirados de circulação 43.249 quilos.
Para esse resultado, as forças de segurança enfrentam a principal dificuldade da região: a imensidão territorial e as vulneráveis fronteiras fluviais. Os grandes rios do Amazonas atuam como os principais corredores logísticos para o escoamento da droga vinda de países produtores, e é nas hidrovias que a polícia trabalha na contramão do crime organizado.
Apenas na primeira semana de novembro, as forças de segurança retiraram das mãos do tráfico 1,3 tonelada de entorpecentes em operações cruciais, divididas entre a capital e o interior. Uma grande apreensão de 700 quilos nas proximidades de Codajás reforçou o patrulhamento fluvial focado em interceptar carregamentos maciços na rota do tráfico.
Simultaneamente, a ação que apreendeu 600 quilos na Zona Norte de Manaus mostrou o trabalho de inteligência voltado para desmantelar depósitos de distribuição urbana. Estimativas apontam que a retirada de mais de 36 toneladas de drogas, além de 1.053 armas e 8.833 munições, já impôs um prejuízo financeiro multimilionário às facções criminosas.
Além de interromper o fluxo material, o Estado tem focado na desarticulação estrutural do crime. Uma recente operação da Polícia Federal ganhou destaque ao prender advogados que atuavam como suporte vital e pombo-correio para os líderes de facções, atacando o núcleo de poder e comunicação dos criminosos.
Ao combinar o patrulhamento ostensivo nos corredores fluviais com ações cirúrgicas que minam a estrutura legal e hierárquica das organizações, as forças de segurança do Amazonas mostram que a guerra contra o tráfico não é apenas de reação, mas de ação proativa para sufocar o financiamento e o domínio das facções no coração da Amazônia.
Com apenas 6.773 quilos faltando para igualar a marca de 2024, 2025 está claramente definido para se tornar o novo ano recorde, consolidando a ofensiva do Estado.
No cenário nacional, o Amazonas aparece entre os primeiros colocados no ranking de apreensões de drogas em 2025, ficando atrás apenas de Mato Grosso do Sul e Paraná. O estado registrou o maior volume dos últimos dez anos, consolidando-se como terceiro lugar em apreensões gerais.
Nos anos anteriores, o Amazonas já vinha crescendo, mas não figurava entre os três primeiros. Em 2024 estava em posição intermediária e só em 2025 alcançou esse destaque. Mato Grosso do Sul lidera o ranking nacional em apreensões gerais, por sua posição estratégica na fronteira com Paraguai e Bolívia.
O Paraná ocupa a segunda posição, sendo líder em apreensão de maconha, com mais de 383 mil quilos retirados das ruas em 2025. O Amazonas aparece em terceiro lugar, com 24,8 toneladas apreendidas apenas no primeiro semestre, o maior volume em uma década, sendo grande parte maconha tipo skunk (20,3 toneladas) e cocaína (4,5 toneladas).
O estado também liderou o ranking de incineração de drogas durante a Operação Narke 4, destruindo 40 toneladas de entorpecentes. Entre janeiro e outubro de 2025, foram 38 toneladas apreendidas, número recorde, consolidando o Amazonas como referência nacional no combate ao tráfico fluvial, especialmente no rio Solimões.
Nos anos anteriores, o desempenho foi mais modesto. Em 2024, o Amazonas apreendeu cerca de 21 toneladas de drogas, ficando fora do top 3 nacional. Em 2023 e anos anteriores, o estado aparecia em posições intermediárias, com apreensões menores, mas já se destacava pelo combate ao tráfico nos rios.
Em 2025, pela primeira vez em uma década, o Amazonas alcançou o maior volume de apreensões e entrou no top 3 nacional. A tendência mostra que o estado vem se consolidando como um dos principais polos de combate ao tráfico, graças às operações fluviais e ao aumento da integração entre polícias.
O coronel Klinger Paiva, comandante-geral da Polícia Militar do Amazonas, destacou as maiores dificuldades operacionais enfrentadas pelas forças de segurança. Segundo ele, o maior desafio é a extensão territorial. O Amazonas é o maior estado em expansão territorial do Brasil e são vários os caminhos por onde o entorpecente pode ser transportado dos países vizinhos: terrestre, fluvial e até aéreo.
Sobre a mudança de tática das facções, o comandante destacou que é perceptível que os criminosos estão oferecendo maior resistência.
Segundo ele, os criminosos estão utilizando rotas alternativas e entrando em confronto direto com as forças de segurança. Ainda assim, a PMAM já ultrapassou em 2025 o total de drogas apreendidas em 2024, com mais de 24,4 toneladas retiradas de circulação. Para manter e ampliar a ofensiva, o coronel destacou os investimentos recebidos do Governo do Amazonas em armamento e lanchas blindadas, fundamentais para o combate ao narcotráfico. Com esses equipamentos, aliados ao trabalho de inteligência da PMAM e dos parceiros da Polícia Civil, Secretaria de Segurança Pública e Polícia Federal, as ações têm se tornado cada vez mais eficazes contra o tráfico internacional.
Questionado sobre métodos de comunicação ou inovação tecnológica utilizados pelas facções, o coronel afirmou que, até o momento, não foram observados recursos de alta tecnologia empregados pelas organizações criminosas. O que se nota é a variação das estratégias, especialmente no envio de entorpecentes para o exterior. Ele citou como exemplo um carregamento apreendido no último mês em que a droga estava camuflada em sacas de café, devidamente embaladas, e foi identificada pelo raio-x do aeroporto.
Com esse cenário, o Amazonas se consolida em 2025 como protagonista nacional no combate ao tráfico de drogas, unindo patrulhamento ostensivo, inteligência e desarticulação estrutural das facções. O ano caminha para ser o novo recorde histórico de apreensões, reforçando que a guerra contra o crime organizado no coração da Amazônia é cada vez mais intensa e estratégica.


