
Os funcionários dos Correios recusaram uma proposta de acordo coletivo de trabalho apresentada pela direção da estatal, no âmbito de negociações mediadas pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), e decidiram manter o indicativo de greve na companhia.
Na prática, a negociação segue agora para o dissídio coletivo – um processo judicial trabalhista destinado a resolver impasses entre categorias de trabalhadores e empregadores, quando a negociação direta falha. Com isso, caberá ao próprio TST definir quais cláusulas devem ser incluídas no acordo coletivo.
A proposta de acordo coletivo de trabalho foi rejeitada por assembleias de funcionários dos Correios realizadas nessa terça-feira (24/12). Ao todo, 18 sindicatos recusaram os termos do acordo e 16 aprovaram.
“Com isso, a empresa encerra a etapa negocial direta, cumprindo integralmente os trâmites previstos, e passa a atuar no âmbito legal, com responsabilidade institucional, para assegurar a continuidade do processo”, informaram os Correios.
A proposta da direção da estatal estipulava, entre outros pontos, gratificação de férias de 70% e reajuste salarial de 5,13%, com validade a partir de abril de 2026, com efeito retroativo para janeiro do ano que vem.
Também foi proposto o fim da hora extra tripla (200% de adicional) aos domingos e feriados. A partir de agosto do ano que vem, os funcionários passariam a receber o valor previsto na CLT (100% de adicional).
Crise
Os Correios vêm passando por uma grave crise financeira. A empresa busca consolidar, ainda neste ano, um empréstimo de cerca de R$ 12 bilhões para aliviar as contas. A estatal anunciou recentemente um plano de corte de gastos.
Os Correios reportaram um prejuízo acumulado de R$ 6,1 bilhões no período entre janeiro e setembro deste ano. Os números apresentados no balanço financeiro da companhia indicam que o rombo aumentou de forma expressiva em 2025, deteriorando ainda mais a situação das contas da empresa – que já acumula perdas pelo menos desde 2023.
O prejuízo bilionário dos nove primeiros meses de 2025 é quase três vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.
Somente no terceiro trimestre deste ano, o prejuízo dos Correios foi de R$ 1,7 bilhão. A receita total da estatal recuou para R$ 12,35 bilhões, com baixa de 12,7% em relação ao mesmo período de 2024.
Ainda de acordo com o balanço dos Correios, as despesas gerais e administrativas saltaram 53,5%, de R$ 3,14 bilhões para R$ 4,82 bilhões até setembro.
Os custos operacionais também caíram, mas de forma mais leve, de R$ 11,85 bilhões para R$ 11,69 bilhões entre os nove primeiros meses de 2024 e igual período de 2025.


