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Itamaraty não condena assassinato de Qasem Soleimani e Teerã reage


Encarregada de negócios do Brasil em Teerã foi convocada pela chancelaria iraniana. Itamaraty informou que não revelará o teor da conversa, mas que foi em tom de cordialidade.

Foto: Reprodução

O posicionamento oficial do Brasil em relação ao assassinato do general iraniano provocou a reação do Irã. O Itamaraty se manifestou oficialmente na sexta-feira (3), um dia depois da morte do líder iraniano.

Em nota, declarou apoio à luta contra o terrorismo, afirmou que o Brasil está pronto para participar de esforços para evitar uma escalada de conflitos neste momento. Condenou o ataque à embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, ocorrido depois da morte do general, e defendeu a integridade dos diplomatas americanos presentes no Iraque.

Mas o Itamaraty não condenou o assassinato de Qassem Soleimani e Teerã reagiu.

O Irã pediu explicações ao Brasil sobre a nota de apoio aos Estados Unidos. O Itamaraty confirmou. Disse que “a encarregada de negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes, assim como representantes de países que se manifestaram sobre os acontecimentos em Bagdá, foram convocados pela chancelaria iraniana”. Disse que não revelará o teor da conversa, mas que foi em tom de cordialidade.

Nesta terça-feira (7), o embaixador brasileiro no Irã, Rodrigo de Azeredo, que está no Brasil cuidando da saúde, disse que foi uma conversa normal e que a relação entre os dois países continua boa.

Logo cedo, na saída do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro não quis falar sobre a convocação que, na linguagem diplomática, pode ser vista como uma reprimenda.

“Estou aguardando o que haverá após essa convocação. Nós repudiamos o terrorismo em qualquer lugar do mundo e ponto final. É um direito deles, como é o meu também”.

O presidente não respondeu se pretende agir de forma semelhante com o Irã, convocando alguém da embaixada daquele país. Disse que, primeiro, vai ouvir o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que está de férias no exterior. Os dois têm conversado sobre o assunto por telefone.

Nesta terça, a conversa com o ministro da Defesa e os comandantes das Forças Armadas foi num almoço a portas fechadas.

Bolsonaro tem se referido ao líder iraniano assassinado como “o general que não é general” e nesta terça foi questionado sobre essas declarações.

“O senhor poderia explicar melhor a declaração sua ontem sobre o general morto de que ele não era um general”, pergunto um repórter.

“General? Não, não, isso ai é… Mais uma pergunta”?

Há no governo brasileiro, como em todo o mundo, expectativa sobre a resposta que o Irã possa dar aos Estados Unidos e está longe do governo qualquer intenção de romper com o Irã. A ordem, agora, é não fazer mais nenhuma manifestação – o que tinha que ser dito, foi feito na nota do Itamaraty.

Na balança comercial do Brasil com o Irã, o saldo é favorável ao Brasil: mais de US$ 2 bilhões em 2019.

O embaixador Marcos Azambuja considera que o momento exige neutralidade, característica da diplomacia brasileira.

“Nossa tradição é de moderação, de equidistância, de equilíbrio e de dizer menos para procurar influenciar mais. Nesse caso, nós, eu creio, fomos além das nossas pernas e além dos nossos interesses”.

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