O italiano Cesare Battisti, preso na noite do último sábado (12), em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, aguardava a decisão do governo boliviano sobre um pedido de refúgio feito por ele em 18 de dezembro, dias após fugir do Brasil. Segundo o jornal espanhol El País, isso pode significar que o Governo do presidente Evo Morales sabia da presença de Battisti em seu território e que ele não estava fugindo, mas aguardando uma decisão das autoridades sobre o seu caso.
Ainda segundo a publicação espanhola, Battisti se declarou inocente dos quatro homicídios pelos quais ele foi condenado em seu país na década de 1970, em carta enviada ao Governo boliviano.
“Peço que vocês deem procedimento ao meu requerimento humanitário e me concedam a qualidade de refugiado, garantindo a minha segurança, minha liberdade e minha vida”, escreveu o italiano em seu pedido de asilo.
Segundo as autoridades italianas, o ex-integrante do grupo denominado Proletários Armados para o Comunismo foi localizado graças a uma investigação da Interpol (a polícia internacional), que efetuou a prisão de Battisti com agentes brasileiros e italianos.
Na carta, Battisti conta a história de sua vida e afirma que é inocente dos homicídios, pelos quais foi condenado à revelia, pois apesar de ter pertencido à organização, ele havia deixado o comitê central do grupo ultraesquerdista. Ainda no pedido de asilo, o italiano reconhece que fugiu da prisão em 1981, logo após ser condenado por “associação subversiva e posse de arma de fogo” no mesmo ano. Segundo Battisti, a fuga foi “limpa”, já que não foi necessário uso da violência, e um ato para corrigir uma injustiça. No pedido registrado em dezembro, Battisti conta sobre o seu primeiro exílio, no México, e o segundo, na França, país onde viveu como escritor de romances policiais, que teve de deixar após o país condená-lo no que ele classifica como um ato político, um “negócio” entre os Governos de direita de Berlusconi, na Itália, e Sarkozy, na Francia. Na sequência, detalha o apoio que recebeu do ex-presidente Lula, em 2010, e se diz perseguido pelos Governos de ultradireita da Itália e do Brasil.