A Polícia Civil do Distrito Federal analisa o material apreendido ontem (21) com ameaças a diversas autoridades do país. Dentre eles, há uma espécie de ofício em que um dos suspeitos presos incita a morte do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido); do procurador-Geral da República, Augusto Aras e do advogado-Geral da União, José Levi. No papel timbrado, inclusive, com brasão da Presidência, o preso alega haver um complô para “entregar o Brasil para a China”.
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A Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), apura se o grupo é financiado por partidos políticos ou organizações criminosas.
“Estamos apurando se é um ato isolado ou se há ligação com algum partido político ou grupos terroristas”, ressaltou o delegado da DRCC, Dário Taciano de Freitas Júnior.
Na manhã de ontem (21), Célio Evangelista Ferreira do Nascimento, 79 anos, e Rodrigo Ferreira, 40, foram detidos suspeitos de serem os autores das ameaças de morte endereçadas a juízes do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT).
O vasto material, que também coage promotores e políticos, foi encontrado em um escritório no Lake Side, residencial de luxo às margens do Lago Paranoá. Apesar da detenção da dupla, a polícia não descarta a participação de mais pessoas.
“As investigações continuam com intuito de localizar e identificar os outros autores do crime. Nenhuma linha de investigação está sendo descartada”, ressaltou o delegado.
De acordo com outro delegado da DRCC, Giancarlos Zuliani, existem fortes indícios de que mais pessoas movam a engrenagem de ódio propagada na internet e em folhetos distribuídos pela cidade.
“Gente que fica direto no escritório produzindo vídeos para a internet e um porta-voz. Percebemos que são pessoas financiadas. Moram em um local com aluguel caro, possuem veículos e gastam combustível para rodar o dia inteiro divulgando o material.
Eles não têm fonte de renda que justifique o padrão de vida no local. Eles próprios, informalmente, admitiram isso”, assinalou o investigador.
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O ofício fictício escrito por Célio Ferreira ainda ordena que o general Walter Braga Netto, “num prazo de 24 horas, baixe portaria convocando a população para reação em legítima defesa pessoal e da nação contra ataque terrorista de extermínio do povo brasileiro do coronavírus”.
Na justificativa, Célio diz que Bolsonaro é aliado do presidente chinês, Xi Jinping. Em um raciocínio confuso, Célio ainda sugere que Bolsonaro fez parte do “projeto do PT de comunizar o Brasil em 22 anos”.
A gráfica que emitia as cartilhas também será alvo de investigação. Os acusados ainda não prestaram depoimentos. De maneira informal, assumiram que a “sentença de morte aos traidores da pátria”, assunto do e-mail enviado aos juízes, “naturalmente vai acontecer”.
Delegados e promotores também tiveram acesso a um vídeo em que Célio faz ameaças a diversas autoridades, entre as quais, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB). Em sua fala, ele diz: “Morte aos demônios“.
Entre os materiais apreendidos, há um pendrive com a etiqueta “Matar juízes. Matar todos”.