Testes realizados por instituto chinês em 108 voluntários apresentou bons resultados, com algumas ressalvas

A primeira rodada de testes em humanos, de uma possível vacina contra a Covid-19, mostrou resultados preliminares animadores. Ela foi capaz de imunizar voluntários e foi considerada segura e bem tolerada, segundo estudo publicado ontem (22) na renomada revista científica The Lancet.
A publicação ressalta, porém, que novos estudos são necessários para confirmar se essa resposta imune observada no organismo dos voluntários é, de fato, capaz de proteger contra uma infecção por Covid-19.
O estudo é conduzido por cientistas chineses do Instituto de Biotecnologia de Pequim, Ele tem a participação de 108 voluntários saudáveis que foram acompanhados por 28 dias na fase 1 da pesquisa. Eles serão monitorados ainda por seis meses, quando os resultados finais deverão ser divulgados.
A vacina em testes utiliza a forma atenuada de um vírus causador de resfriado (adenovírus) como meio de levar para dentro das células o material genético que codifica uma proteína do coronavírus responsável por sua replicação. Quando nosso sistema imunológico reconhece essa proteína como parte de um elemento invasor, começa a produzir anticorpos contra o coronavírus.
O teste foi feito com três diferentes doses do imunizante: baixa, média e alta. Em todos os casos, o imunizante foi capaz de criar a resposta imune e não teve efeitos colaterais importantes. Os mais comuns foram febre, fadiga, dor de cabeça e dores musculares.
“Esses resultados representam um marco importante. O estudo demonstra que uma dose única da nova vacina produz anticorpos e células T específicas para o vírus em 14 dias, tornando-a candidata potencial para investigação futura”, disse Wei Chen, primeiro autor do estudo e professor do Instituto de Biotecnologia de Pequim.
Ressalva
“No entanto, esses resultados devem ser interpretados com cautela. A capacidade de desencadear respostas imunes não indica necessariamente que a vacina protegerá seres humanos contra a covid-19. Esse resultado mostra uma visão promissora para o desenvolvimento de vacinas contra a covid-19, mas ainda estamos longe de que ela esteja disponível para todos”, disse Chen.
O pesquisador ressaltou que outras limitações do estudo são referentes à amostra pequena de pacientes, curto período de acompanhamento e ausência de randomização (quando os pacientes de cada grupo são escolhidos aleatoriamente).
A fase 2 do estudo já foi iniciada e será randomizada, duplo-cego (quando nem participantes nem investigadores e avaliadores sabem qual voluntário recebeu a vacina e qual recebeu placebo) e contará com a participação de 500 indivíduos. Pela primeira vez, incluirá maiores de 60 anos, população importante por ter maior risco de complicações.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo