
Policiais da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) já sabem que a arma usada na execução do contraventor Fernando de Miranda Iggnácio é um fuzil russo AK-47 (Kalashnikov). Nesta terça-feira, dia 10, foram apreendidos estojos de munição calibre 7,62x39mm, usado nesse tipo de arma no terreno baldio ao lado da empresa Heli-Rio, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, onde ele foi assassinado.
A DHC também já sabe que, apesar de cerca de dez tiros terem sido disparados, apenas cinco balas atingiram a cabeça do contraventor. Agora, os agentes vão periciar os estojos em busca de impressões digitais, além de tentar rastrear a origem da munição.

A polícia esta ciente que Fernando Iggnácio costumava ir sempre de helicóptero para a ilha em Angra dos Reis, na Costa Verde. A polícia continua em busca de câmeras de segurança próximas ao local do crime.
O atirador estaria posicionado em cima de um muro à espera do contraventor. Os disparos atingiram Iggnácio quando ele passava próximo a uma churrasqueira.
A empresa Heli-Rio, onde Fernando Iggnácio foi morto, conta com circuito de vigilância, que pode pode ser útil para a investigação. O atirador pode ter tido acesso à empresa através de um dos três terrenos baldios que ficam nas proximidades.
Um deles é colado à propriedade, e é maior a probabilidade de que tenha sido o local de espreita. Testemunhas relatam ter ouvido muitos tiros no local, logo após a chegada de um helióptero.
No começo da noite, três pessoas foram ouvidas pela Delegacia de Homicídios. Duas delas são funcionárias da Heli-Rio. Pouco depois das 19h, policiais chegaram à DH com HDs de que reúnem as imagens de 64 câmeras de vigilância da empresa de fretamento.
Segundo Edmar Neves, da empresa Vertec de tecnologia, os policiais também checam a movimentação de quatro carros que estiveram na Rua Servientes, local que pode ter servido como rota de fuga do atirador.
Disputa em família
Fernando Iggnácio era ex-genro de Castor Gonçalves de Andrade e Silva, que tornou-se o chefão da contravenção no Rio nos anos 70 e chegou a expandir seus domínios para o Nordeste.
Ele morreu de infarto em abril de 1997, dando início a uma guerra na família pela sucessão. Ainda em vida, Castor escolhera Rogério, seu sobrinho, para comandar a contravenção na Zona Oeste e em outras áreas do estado. O filho de Castor, Paulinho, não concordou e iniciou uma batalha com o primo.
Em 1998, Paulinho e um segurança foram assassinados na Barra. O genro de Castor, Fernando Iggnácio Miranda, assumiu o lugar na disputa com Rogério Andrade.
De acordo com investigações da polícia, a partir da metade dos anos 1990, Fernando Iggnácio passou a controlar a Adult Fifty, empresa que explorava caça-níqueis em toda a Zona Oeste. Em 1998, Rogério teria fundado a Oeste Rio. O próprio Rogério foi vítima de uma tentativa de assassinato em 2001.
Em abril de 2010, outro ataque: o filho de Rogério, de 17 anos, morreu num atentado na Barra. Em vez do pai, era o rapaz que dirigia um carro no qual foi colocada uma bomba. Segundo uma investigação da Polícia Federal, os contraventores César Andrade de Lima Souto e Fernando Andrade de Lima Souto estariam envolvidos no crime.