Um grupo de cerca de 30 homens em dez carros e fortemente armado com fuzis sitiou o Centro de Criciúma, no Sul de Santa Catarina, bloqueou ruas, incendiou carros e fez reféns durante um assalto a uma agência do Banco do Brasil, que durou 1h45, no início da madrugada desta terça-feira (1).
A polícia encontrou os carros usados pelos bandidos em um milharal em Nova Veneza, cidade vizinha. Os veículos são de “alta potência e grande valor comercial”, segundo o delegado Vitor Bianco.
Os assaltantes usaram os reféns como barreiras humanas para evitar a chegada da polícia. Um PM e um vigilante ficaram feridos. O grupo fugiu deixando R$ mais de R$ 800 espalhado pelas ruas pela explosão do cofre. O dinheiro foi recolhido por quatro moradores da cidade, que acabaram presos. Aproximadamente 30kg de explosivos foram deixados no local.
A prefeitura pediu ajuda a batalhões de municípios vizinhos e também para cidades do Rio Grande do Sul.
Criciúma tem cerca de 217 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e fica 200 km ao sul da capital catarinense, Florianópolis, e 285 km ao norte da capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. A economia do município se baseia, principalmente, em exploração de carvão, indústria, agricultura e pecuária.
Os primeiros relatos do tiroteio foram feitos por volta da meia-noite. O som dos disparos foi ouvido principalmente na região central de Criciúma.
Imagens nas redes sociais mostraram reféns e pessoas cercadas nas ruas pelos criminosos. Homens foram deixados sem camisa sentados sobre uma faixa de pedestres na rua.
A PM informou que o grupo incendiou um túnel no município de Tubarão (SC) que dá acesso a Criciúma, para tentar impedir que reforços chegassem até o local dos assaltos.
Segundo a PRF, um caminhão com placa de Dumont (SP) foi atravessado no túnel, na BR-101, e foi incendiado. Também foram espalhados miguelitos (apetrechos de metal capazes de furar pneus de carros) para dificultar a ação da polícia e dos bombeiros. O túnel foi liberado após os bombeiros apagarem as chamas.
O delegado Victor Bianco Cruz informou que os criminosos usaram veículos de “alta potência e grande valor comercial”, de marcas como Audi, Land Rover, BMW, Mitsubishi e Volkswagen.
“Nós acreditamos, sim, que o valor levado é bastante grande, pelos vídeos que circulam nas redes sociais aqui, onde teria uma enorme quantidade de dinheiro na caçamba de uma caminhonete”, disse o delegado.
Alguns tinham placas de São Paulo, mas até a última atualização desta reportagem a polícia não sabia se elas eram verdadeiras ou falsas.
Após o ataque, os criminosos fugiram e abandonaram dinheiro no local. Por volta das 2h30, peritos estavam nas ruas para analisar a suspeita de abandono de materiais explosivos. Nas calçadas e nas ruas próximas da ação foram encontradas várias cápsulas de munição, inclusive de fuzil.
A PM informou que buscou reforços. Segundo o tenente-coronel Cristian Dimitri Andrade, do 9ª Batalhão da Polícia Militar (9º BPM), agentes de Araranguá, Tubarão e Içara se deslocaram para a cidade.
“Uma quadrilha do crime organizado, que é especializada em assalto a banco. A gente chama de modalidade ‘novo cangaço’. Eles fazem assaltos simultâneos, atacam quarteis, como atacaram no batalhão também”, disse o tenente-coronel ainda na madrugada.
O Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Choque da PM de Florianópolis também foram acionados.
Moradores foram feitos reféns na madrugada desta terça-feira em Criciúma — Foto: Redes sociais/ Reprodução
Agora a polícia aparece em Criciúma kkkkkkkkk pic.twitter.com/1aHae5hIMo— December 1, 2020
Durante a fuga, pelo menos um malote de dinheiro foi abandonado pela quadrilha. Cédulas e cápsulas também ficaram espalhadas pelas ruas.
Ao menos um policial militar e um vigilante foram baleados. Conforme Andrade, o policial foi atingido na região do abdômen e foi levado ao hospital. O estado de saúde dele é considerado estável.