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Estelionato: quadrilha é presa por venda ilegal de terrenos


Ive Rylo/ G1 AM

Doze pessoas foram presas suspeitas de participar de um esquema ilegal de venda de terrenos em Manaus. A polícia identificou pelo menos dez vítimas que caíram no golpe neste mês de março. Os presos foram apresentados à imprensa em coletiva na manhã desta quinta-feira (21).

Os integrantes do grupo vendiam terrenos de terceiros como se fossem deles. Eles anunciavam as propriedades – em preços menores aos praticados no mercado – em sites de compra e venda na internet.

As investigações iniciaram em fevereiro deste ano, após uma vítima denunciar o esquema para a polícia. O militar Renato Alves de 43 anos pagou R$ 50 mil a vista na compra de um terreno, no conjunto Água claras, no bairro Cidade Nova, Zona Norte de Manaus.

“Fechamos negócio no cartório com a pessoa que eu só a vi uma vez só. E fomos até o banco onde eu fiz [o depósito] e passei pra ela. Ela queria R$ 5 mil em espécie e 45 transferido para a conta dela – e foi que eu fiz. R$ 45 mil transferidos pra uma conta de uma outra pessoa que ela dizia ser sia prima” contou a vítima.

Renato só percebeu que havia sido vítima de um golpe quando chegou ao imóvel que – até então – havia acabo de comprar, e se deparou com o verdadeiro dono do local.

“Logo depois [do pagamento] viemos fazer a limpeza. Aí foi quando o verdadeiro dono do terreno nos encontrou e perguntou que que estava acontecendo. Tive que explicar que eu comprei, que paguei… Nós temos o documento e nos certificamos que, realmente, eles são donos do terreno”, contou.

Como agia a quadrilha?

De acordo com o delegado do 12º Distrito Integrado de Polícia (Dip), Rafael Allemand, o grupo visitava terrenos que estavam à venda na cidade e os anunciavam em sites na internet.

O terrenos eram vendidos em um valor um pouco abaixo do habitualmente cobrado no mercado. Eles usavam esse artifício para agilizar a venda.

Fábio Júnior era o chefe. Ele organizava, comprava os chips de celular, financiava a organização criminosa e escolhia os terrenos nas ruas.

A polícia informou ainda que Fábio ficava com a maior parte do faturamento. “Ele chegava a repassar entre R$ 300 e R$ 400 para os integrantes. Após fechar o negócio, as mulheres íam com as vítimas até o cartório. Em momento algum era exigido pela vítima certidão narrativa do imóvel. Até agora sabemos que o cartório se limita a autenticar o documento apresentado”, apontou o delegado Raul Neto.

O bando negociava propriedade em todos os bairros de Manaus. A área preferida dos suspeitos, no entendo, eram os terrenos localizados na avenida das Torres e no no conjunto Água claras, no bairro Cidade Nova.

Durante apresentação, o suposto chefe do grupo, Fábio falou que prestou depoimento e que não daria declarações à imprensa.

“Eu não comandava isso. Olha a roupa que eu tô usando, se eu tivesse dinheiro não estaria assim. Já dei meu depoimento para o delegado. Está correndo em segredo de justiça. Não posso passar informações para vocês”, disse o suspeito.

As prisões foram realizadas na tarde desta quarta-feira (20). Com o grupo foram apreendidos 14 celulares, um tablet, documentos falsificados de compra e venda de veículos e dezenas de Chips de celulares.

Operação e prisões

Ao todo foram presos 12 pessoas suspeitas de participar do crime, das quais sete eram mulheres. Confira a lista:

Homens

  • Fábio Júnio de Sousa Lima, de 35 anos
  • Oyama Benaion Batista de Souza, de 53 anos
  • Antônio Gilmar Leão Delgado, de 54 anos
  • Aldo Cézar da Costa Almeida, de 43 anos
  • Aládio Magalhães da Silva, de 61 anos

Mulheres

  • Andreia Souza Araújo, de 23 anos
  • Débora Ferreira da Silva, de 35 anos
  • Giguilane Fernandes Ribeiro, de 30 anos
  • Janaína de Souza Barão, de 30 anos
  • Maria Neuda de Sousa Lima, de 41 anos
  • Rafaela Batista Guerreiro, de 30 anos
  • Sandra Zelia de Jesus de Souza Lima, de 34 anos

Segundo as investigações, as sete mulheres presas eram responsáveis por entrar em contato com as vítimas e também por receber o dinheiro nas transações.

“O papel das mulheres era de passar um ar de confiança no golpe. Elas atendiam os telefonemas, mostravam os terrenos para as vítimas e até acompanhavam as vítimas até o cartório para dar ar de legalidade”, disse o delegado.

Crimes

O bando responderá em flagrante pelo crime de estelionato, além de organização criminosa, falsificação de documentos públicos e uso de documento falso. Eles serão encaminhados ao Centro de Detenção Provisória Masculino e Feminino, que fica no quilometro 8 da rodovia federal 174.

Estelionato é crime descrito no artigo 171 do Código Penal Brasileiro (CPB). A pena é de reclusão de um a cinco anos e multa.

De acordo com código é crime obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.

Por Luciane Marques

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