O ministro Benjamin Zymler, do Tribunal de Contas da União (TCU), deu 10 dias para que a Secretaria de Saúde de Manaus responda se foi pressionada pelo Ministério da Saúde a receitar remédios sem comprovação científica para pacientes com Covid-19.
“Informe se houve algum tipo de pressão por parte dos membros da força-tarefa do Ministério da Saúde quando da visita feita no dia 11/1/2021, para que essa unidade de saúde difundisse a utilização de medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina e/ou ivermectina no tratamento precoce dos pacientes com Covid-19 nesse município”, diz o ofício, assinado na última sexta-feira (5) .
O documento tem como base um pedido de medida cautelar para que a pasta não incentive mais o uso de medicamentos que são ineficazes no tratamento da doença e não gaste mais recursos para adquirir ou produzir esses fármacos até uma decisão do Tribunal.
O pedido, feito pelo suprocurador-geral do MP/TCU Lucas Rocha Furtado, se baseia em informações divulgadas pela imprensa, de que o Ministério da Saúde teria enviado um ofício para a secretatria municipal pedindo autorização para que médicos fossem até as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da cidade para difundir o chamado “tratamento precoce” da Covid-19.
Não há dados científicos que comprovem que a cloroquina, a hidroxicloroquina ou a ivermectina sejam eficazes no combate à doença causada pelo novo coronavírus. O uso indiscriminado desses medicamentos pode gerar efeitos colaterais graves.
O prazo para a resposta da secretaria termina na próxima quinta-feira (11).
Há orientações do Ministério da Saúde que recomendam o uso de cloroquina e azitromicina contra Covid-19 desde maio de 2020. Em 18 de janeiro, a posição da pasta mudou e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse não recomendar nenhuma medicação.
“Eu nunca indiquei medicamentos a ninguém. Nunca autorizei o Ministério da Saúde a fazer protocolos indicando medicamentos”, disse em entrevista coletiva. Na mesma semana, um aplicativo do Ministério que recomendava remédios sem comprovação contra Covid-19 saiu do ar.