O repasse per capita para a capital amazonense só superou o do Rio de Janeiro (RJ), que tem um orçamento próprio mais robusto que o de Manaus

Embora o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenha ressaltado dados do envio de recursos para Manaus no ano passado, a cidade foi a segunda capital que menos recebeu verba federal numa comparação de acordo com o número de habitantes.
O repasse per capita para Manaus só superou -por pouco- o do Rio de Janeiro (RJ), que tem um orçamento próprio mais robusto que o da capital amazonense. Após o sistema de saúde de Manaus entrar em colapso, o governo Bolsonaro iniciou uma operação para se afastar da responsabilidade do caos na região.
Bolsonaro mostrou que Manaus recebeu R$ 2,36 bilhões transferidos do governo federal para o município, mais R$ 475 mil de gastos diretos na cidade com dinheiro federal. Apoiadores do presidente usaram esses números para exaltar a atuação do Palácio do Planalto durante a pandemia.
Mas levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo usando a mesma fonte de dados de Bolsonaro revelou que a capital do Amazonas, que enfrenta um caos na saúde, recebeu bem menos que outras cidades, quando a quantia é comparada à população de cada região.
Para esse ranking foi usada a população estimada pelo IBGE em todas as capitais. Em Manaus foram R$ 1.063 por habitante, pouco a mais que no Rio de Janeiro (R$ 946 por morador), que ficou em último lugar no ranking.
Os números destoam do registrado em cidades no topo da lista, como Vitória (ES) e Palmas (TO), que receberam mais de R$ 4 mil por morador. Procurado, o Palácio do Planalto não quis se manifestar. O Ministério da Economia também não comentou a distribuição dos recursos. Além da transferência de recursos e gastos diretos nos municípios, Bolsonaro divulgou dados de repasses ao estado do Amazonas.
Também listou gastos com benefícios aos habitantes de Manaus, como auxílio emergencial e Bolsa Família, que não foram incluídos na comparação com demais capitais por se tratarem de recursos destinados diretamente à conta da população, e não para a gestão local.
O levantamento comparando os recursos para capitais envolve dinheiro de transferências constitucionais (que não exigem condicionante ao município para receber a verba), transferências voluntárias da União e do programa de socorro financeiro aos estados e municípios na pandemia (negociado entre o governo federal e o Congresso).
O vice-presidente Hamilton Mourão, disse recentemente, e que o governo federal está fazendo “além do que pode” diante da crise em Manaus. “O governo está fazendo além do que pode, dentro dos meios que a gente dispõe. Na Amazônia as coisas não são simples, você tem uma capital -como Manaus, a cidade mais populosa da Amazônia Ocidental– e você só chega lá de barco ou de avião”, declarou o vice.
Fonte: Folhapress