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Indústria prevê colapso de oxigênio no país se pandemia piorar

O presidente da Indústria Brasileira de Gases (IBG), Newton de Oliveira, prevê que o Brasil irá reviver a crise de Manaus (AM), onde pacientes com Covid-19 morreram após faltar oxigênio no estado no início deste ano, caso a pandemia do novo coronavírus se agrave no país.

“Se os índices de consumo de oxigênio continuarem subindo e crescerem mais do que 15%, é bem provável que aconteça em todo o país aquela situação de o pessoal estar precisando de oxigênio e não ter”, avaliou Newton, em entrevista exclusiva ao site Metrópoles, ontem (8).

“Se a demanda continuar crescendo nas proporções que vem crescendo, vai faltar produto (oxigênio hospitalar) ou vão faltar equipamentos para entregar produtos (omo cilindros). Esse é meu prognóstico. Não estou querendo assustar ninguém, é a situação real”, complementou o empresário.

O presidente da IBG faz a ressalva de que, caso medidas restritivas funcionem e a vacinação no país seja acelerada, fazendo a curva ceder, o cenário dramático poderá ser evitado.

Fundada em 1992, a IBG é a única empresa 100% brasileira do setor de gases do ar. Com 17 filiais em 10 estados do país, a companhia divide o mercado com grandes multinacionais do setor, como as norte-americanas White Martins e Air Products, a francesa Air Liquide e a alemã Messer.

A correlação com Manaus feita por Newton acompanha registros até então inéditos. Com o aumento de casos de Covid-19 e a conseguinte alta na taxa de hospitalizações, a capital do Amazonas entrou em colapso e sofreu com a escassez de oxigênio nos primeiros meses deste ano.

Em nível nacional, a média móvel de mortes causadas por Covid-19 no Brasil chegou a 1.525 nessa segunda-feira (8). Esse é o 13º recorde seguido. O indicador, em comparação com o verificado há 14 dias, sofreu acréscimo de 40,7%, mostrando tendência de alta nos óbitos.

Além disso, boletim publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na última terça-feira (3) revelou que 19 unidades federativas, incluindo o Distrito Federal, estão com a ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) destinados a pacientes com Covid-19 acima de 80%.

Em comparação com o último boletim, publicado na semana anterior – em 22 de fevereiro – pelo Observatório Covid-19, da Fiocruz, seis estados passaram a fazer parte dessa faixa crítica da ocupação de leitos. São eles: Pará, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Piauí.

Nesse sentido, o presidente da IBG avalia que o setor de gases começa a apresentar dificuldades não somente na produção de oxigênio hospitalar, que ajuda no tratamento da Covid-19, mas também no fornecimento de cilindros (também chamados de balas) e pela falta de veículos de transporte.

Segundo ele, o consumo de oxigênio na saúde cresceu mais de 20% entre junho do ano passado e fevereiro deste ano. “Esse incremento conseguiu absorver o que tínhamos de capacidade de fábricas instaladas. Estamos atendendo os nossos clientes, mas começa a ter uma preocupação se isso aumentar”, disse.

“A demanda está muito grande. E, em relação ao oxigênio, temos que entregar o produto e a embalagem. Então, a gente começa a sentir as dificuldades da falta de cilindros e de caminhões para fazer o transporte”, afirmou, ao relatar que conversou com outras empresas do setor na última semana.

“Realmente existe essa preocupação. Não sei o que vai acontecer, mas se não começarem a vacinar com uma taxa maior do que está ocorrendo, por exemplo, isso pode acarretar problemas de maiores proporções lá na frente. Nossos concorrentes disseram que não têm mais cilindros”, sinalizou.

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