
A Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM) demitiu e abriu sindicância para investigar a ginecologista Michelle Chechter, que trabalhava na maternidade Instituto da Mulher Dona Lindu (IMDL), em Manaus. Ela aplicou nebulização de hidroxicloroquina como tratamento para Covid-19 numa mãe que recentemente havia dado a luz e morreu após a medicação, em fevereiro de 2021.
A médica e o marido foram contratados em regime temporário junto com outros 2,3 mil profissionais de saúde, via banco de recursos humanos disponibilizados pelo Ministério da Saúde, para atuar durante a pandemia em hospitais da rede estadual, em fevereiro deste ano.
Segundo nota distribuída pela SES-AM, o procedimento foi feito por iniciativa da médica. Ela atuou por cinco dias (IMDL), junto com o marido, também é médico.
Conforme a secretaria, a nebulização com hidroxicloroquina adotada não faz parte dos protocolos terapêuticos da maternidade, “nem de outra unidade da rede estadual de saúde, ainda que com o consentimento de pacientes ou de seus familiares”.
Ainda segundo a nota, o bebê passa bem. “O procedimento tratou-se de um ato médico, de livre iniciativa da profissional, que não faz mais parte do quadro da maternidade, onde atuou por cinco dias”.
O comunicado afirma que assim que tomou conhecimento do fato, “a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas determinou abertura de sindicância e o afastamento da profissional”.
A secretaria diz no comunicado que outra paciente sobreviveu à nebulização de hidroxicloroquina. “Conforme o instituto informou à secretaria, duas pacientes foram submetidas ao tratamento de nebulização de hidroxicloroquina. Ambas assinaram termo de consentimento, como relatado em prontuário. Uma das pacientes veio a óbito e a outra teve alta. Todas as informações sobre o atendimento estão registradas em prontuário”, diz a nota.
No texto, a SES-AM informa que a secretaria e o instituto não compactuam com a prática de “qualquer terapêutica experimental de teor relatado e não reconhecida e entendem que tais práticas não podem ser atribuídas à unidade de saúde, que tem como premissa o cumprimento da lei e dos procedimentos regulares, conforme os órgãos de saúde pública e os conselhos profissionais”.
O caso ganhou repercussão nacional pelo jornal Folha de São Paulo e Correio Brasiliense, que procurou a médica. Ela respondeu que “nesse momento não estou conseguindo dar entrevistas. Futuramente entro em contato”.
Em suas redes sociais a médica mantém um selo com os dizeres “covid-19. Eu apoio o tratamento precoce”. O chamado “tratamento precoce” é o uso de medicamentos sem comprovação de eficácia contra covid-19, como cloroquina e ivermectina.