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A cada 24h, 11 meninos são estuprados em Manaus

Foto: Reprodução

De janeiro a outubro deste ano, 107 adolescentes foram denunciados pela Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais (Deaai), da Polícia Civil, ao Ministério Público do Estado (MP-AM), em decorrência de participação no crime análogo ao estupro. Conforme dados da unidade policial, a maioria das vítimas dos adolescentes é de crianças do sexo masculino, na faixa etária da primeira infância, de 0 a 6 anos de idade.

Como forma de prevenção para os crimes contra a dignidade sexual, a titular da Deaai, delegada Elizabeth de Paula, alerta que é importante que pais ou responsáveis observem eventuais mudanças de comportamento que a criança ou o adolescente, vítima de abuso, pode apresentar. Em caso de desconfiança, é necessário procurar o Conselho Tutelar, Polícia Civil ou Polícia Militar de forma imediata.

De acordo com a delegada Elizabeth de Paula, dentre os 107 casos investigados pela unidade policial, a maioria dos autores são vizinhos, meio irmãos ou primos das vítimas. Em caso de vítimas mulheres, normalmente são casos de atos libidinosos e, em meninos, são casos de conjunção.

Foto: Reprodução

“Esse ano, já tivemos uma média de quatro a cinco estupros registrados por semana. A maior parte dos casos vem no flagrante para delegacia e o MP (Ministério Público) costuma pedir a internação do autor.

Todos os casos registrados tiveram os autores apreendidos e internados por três anos, às vezes até quando é a primeira passagem, então estamos com o tratamento rígido para crimes sexuais”, afirmou.

Lar também esconde perigo – Segundo a psicóloga Antonieta Cavalcante, que trabalha há cinco anos na Delegacia Especializada em Proteção a Criança e ao Adolescente (DEPCA) e é responsável por ouvir vítimas de abuso sexual, 80% dos estupros são cometidos dentro do seio familiar e a maioria das crianças e adolescentes que sofrem com esse crime desenvolvem alterações no comportamento, no humor, sono e alimentação.

“Tem comportamento que dá para ser verificado a médio e curto prazo, outros em longo prazo. As crianças têm alterações somáticas, que é a parte da perda da fome, alterações no trato urinário, começam a aparecer com infecção urinária. Recebemos casos de unidades de saúde com infecção urinária e quase sempre o laudo consta que elas foram vítimas de violência sexual”, informou.

A psicóloga disse, ainda, que a criança muda o comportamento na escola, ficando desatenta, com dificuldade de aprender. Isso acontece pois a vítima acaba somatizando o medo do abusador e, por isso, há essa mudança de comportamento.

As alterações de hábito também acontecem com os autores de violência sexual.  Conforme Antonieta, às vezes, a alteração do comportamento é velada, mas se o adolescente apresentar ações diferentes do cotidiano, querendo ficar muito próximo de uma criança, querendo ficar sozinho com a criança, se oferecer para cuidar dela, agindo de maneira incomum, os pais devem ficar atentos, tantos com as crianças quanto com os adolescentes.

“Se a família está desconfiando do comportamento dessa criança, é necessário procurar ajuda imediata. No atendimento, as crianças nos trazem relatos, muitas vezes revelam que o autor daquela violência sexual é quem menos se espera. Já teve casos de um menino de 11 anos estuprar a prima de 6 anos. Em depoimento, ele disse que fazia isso, pois via filmes pornográficos com os tios. Então é um fato muito recorrente. As crianças aprendem isso em casa, no mesmo caso os adolescentes, que reproduzem dentro da família com irmãs e outras crianças que estejam próximas”, explicou a psicóloga.

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