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AM: advogado e estagiário presos por vazar informações para narcotraficantes

Os dois são acusados de associação criminosa. Segundo a Polícia Civil, investigados por tráfico pagaram mais de R$ 40 mil aos suspeitos por informações privilegiadas

O advogado Euler Carneiro e o estagiário de Direito, Thiago Minero, foram presos na manhã desta segunda-feira (15) por suspeita de divulgação de conteúdo sigiloso e associação criminosa. Segundo investigações da Polícia Civil amazonense, eles passavam informações sigilosas de processos envolvendo traficantes de droga na Justiça do Amazonas.

Segundo o Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), eles acessavam arquivos de investigações da Polícia Civil por intermédio de uma senha e repassavam a alvos. A dupla cobrava para repassar as informações.

Um dos alvos, suspeito de estar envolvido ao tráfico de drogas, chegou a assinar um contrato com os suspeitos e repassar R$ 40 mil em troca da divulgação de informações sigilosas sobre o processo. O advogado preso fazia fortuna vendendo informações a narcotraficantes em Manaus.

Segundo o delegado Rafael Allemand, os suspeitos conseguiram uma senha do Tribunal de Justiça por meio do estagiário e, com isso, tinham acesso a todos os documentos dos processos sigilosos das investigações.

“Eles pegavam essas informações que estavam com sigilo judicial por meio da senha que dava direito ao acesso, identificavam os alvos das operações e repassavam essas informações a eles em troca de dinheiro”, disse.

Durante a operação policial, denominada Spy, quatro mandados, sendo dois de busca e apreensão e dois de prisão foram cumpridos.

A delegada-geral da Polícia Civil Emília Ferraz explicou que as investigações sobre o caso vão continuar em andamento, sem descartar a hipótese de outras pessoas estarem envolvidas no esquema.

“O advogado é o cabeça, mas pode-se descobrir a participação de outros ao longo das investigações. Outras delegacias tiveram processos sigilosos divulgados”, contou.

As investigações, que já duram mais de um mês, apontaram, ainda, que algumas operações pararam de produzir provas, por conta desse repasse de informações.

A Polícia Civil avalia que mais pessoas estão envolvidas e que a dupla teria conseguido ainda mais dinheiro em troca das informações.

A organização criminosa seria chefiada por Euler, mas polícia chegou a dupla por conta dos acessos feitos pelo estagiário. A polícia investigava o caso de Mineiro quando desconfiou que ele estava recebendo informações que só constavam no processo e iniciaram as investigações. Alguns meses depois, eles chegaram ao estagiário:

“Ele era estagiário da Afeam e recebeu uma senha, um perfil pra acessar os processos da Afeam, só que esse perfil, foi dado um “plus nessa senha que ele teve acesso a outros processos sigilosos. Ele foi estagiar no escritório do advogado e lá com esse tipo de conhecimento o advogado começou a acessar esses processos sigilosos e angariar essas informações”, explica Rafael.

A polícia acredita que muitos criminosos, além de Tiago Mineiro, podem ter se beneficiado com o esquema.  Oescritório de Euler, no bairro Compensa, foi alvo de busca e apreensão. O advogado se candidatou a presidente da OAB-AM nas últimas eleições.

OAB – Por meio de nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AM) disse que vai acompanhar o andamento das investigações sobre o caso.

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