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Alerj aprova novo afastamento de Witzel por 69 a 0

Deputados acompanham defesa de Witzel no telão do plenário Foto: Divulgação - Rafael Wallace / Alerj

Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) decidiu, nesta quarta-feira (23), pelo prosseguimento do processo de impeachment contra Wilson Witzel (PSC), governador afastado do Rio. Ele é suspeito de participar de um esquema de corrupção na área da Saúde. Foi uma votação avassaladora: 69 votos a favor do processo, de um total de 70. O único deputado a não votar está de licença médica por conta do coronavírus.

A votação se estendeu pela tarde e por uma parte da noite, porque cada um dos 25 partidos teve uma hora para se manifestar, assim como a defesa do político fluminense, feita pelo próprio governador afastado.

Com o impeachment aprovado pelo plenário da Casa, o caso segue para um tribunal misto formado por cinco deputados e cinco desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). Com isso, o tribunal terá até 120 dias para concluir se houve crime de responsabilidade.

Em caso positivo, Witzel será definitivamente afastado do cargo. Ele já está fora preventivamente por outra decisão, do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A sentença ainda foi confirmada pela Corte Especial do STJ.

Defesa

Ao ser chamado pelo presidente da Casa, André Ceciliano, o governador afastado Wilson Witzel iniciou sua fala de defesa por videoconferência. Imediatamente, deputados que antes conversavam entre si e faziam lives, ficaram em silêncio para ouvir as palavras do governador no telão do Palácio Tiradentes.

— O que tem acontecido é algo absolutamente injusto. Não tive o direito de falar nem na Assembleia nem nos tribunais. Estou sendo linchado moralmente, linchado politicamente, sem direito de defesa — disse, introduzindo sua defesa.

Witzel comparou a “injustiça” que diz estar vivendo ao que viveu Tiradentes e Jesus Cristo.

“Agradeço a oportunidade, senhor presidente André Ceciliano, por exercer o meu sagrado direito de defesa nessa histórica tribuna, ainda que virtualmente, do Palácio que leva o nome de Tiradentes, símbolo da luta pela liberdade e contra a opressão. Tiradentes que foi delatado, vendido, morreu enforcado e as partes do seu corpo foram jogadas em praça pública para servir de exemplo para a tirania. A tirania escolhe suas vítimas e as expõem para que outros não mais se atrevam”.

Outros exemplos dados por Witzel foramos dos ex-presidentes Dilma Roussef e Fernando Collor de Melo:

— Eu tenho exemplos de erros que a História não pode reparar. O presidente Collor foi vítima de um impeachment. Em 2014, ele foi absolvido. A frase dele no Senado foi: “Quem poderá me devolver o que me tiraram?” — indagou.

O governador afastado disse também que sua vida sempre foi igual a de muitos brasileiros que moram em áreas mais pobres.

— A minha vida sempre foi igual a de muitos brasileiros, muitos aí que vieram das comunidades, do morro, sonhando com dias melhores. Não são diferentes de mim. Passei por vários cargos públicos, mas sou filho de uma empregada doméstica, que hoje chora pelo que está acontecendo comigo. Meu pai, metalúrgico, chora pelo que está acontecendo comigo.

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