
Resultados preliminares apontam fim do governo do social-democrata Olaf Scholz na Alemanha e vitória da oposição conservadora. Friederich Merz, da aliança CDU/CSU, deve assumir o próximo governo.Os eleitores alemães foram às urnas neste domingo (23) para escolher quem vai liderar o país após a desintegração da coalizão de governo do chanceler federal Olaf Scholz em novembro e a convocação de eleições antecipadas.
Resultados preliminares dão vitória à aliança conservadora de oposição União Democrata Cristã (CDU)/União Social Cristã (CSU), liderada por Friedrich Merz, futuro chanceler federal do país.
Mas Merz, que dependerá de alianças com outros partidos, não deve ter uma tarefa fácil pela frente: a perspectiva é de um Bundestag (Parlamento) fragmentado e negociações para a formação de um novo governo que podem se arrastar por semanas.
O resultado significa também uma derrota histórica para o Partido Social Democrata (SPD) de Scholz e para o Partido Liberal Democrático (FDP), ex-parceiro de coalizão que pode ficar fora do Parlamento. Também parceiros de coalizão de Scholz, os Verdes também devem perder alguns mandatos.
Já a ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD) quase dobrou seu eleitorado e deve ser a segunda maior bancada no Parlamento.
O partido A Esquerda conseguiu reverter sua trajetória de declínio nas pesquisas e abocanhou 8,5% dos votos, garantindo bancada no Parlamento. Já o destino da sigla populista de esquerda BSW, dissidência do A Esquerda, é incerto, já que não garantiu os 5% de votos necessários para manter-se no Bundestag.
A campanha foi dominada por temas como a estagnação econômica do país, imigração, a continuidade da guerra na Ucrânia e a influência no pleito de atores externos no pleito como o bilionário Elon Musk e o vice-presidente americano J.D. Vance, que manifestaram simpatia pela AfD.
Após uma campanha eleitoral dominada por temas como imigração e crise econômica, o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) deve se firmar como a segunda maior força do Parlamento alemão (Bundestag).
Nas eleições federais antecipadas deste domingo (23), o partido quase dobrou sua votação em relação ao pleito de 2021, obtendo 19,9% dos votos, segundo resultados preliminares. Se a porcentagem se confirmar, serão quase 10 pontos percentuais a mais do que na eleição anterior.
Além de crescer, a sigla também ultrapassou legendas tradicionais como o Partido Social Democrata (SPD) e os Verdes, as duas siglas que compõem o atual governo de coalizão liderado pelo chanceler federal Olaf Scholz, que sofre com impopularidade.
Os ultradireitistas ficaram apenas atrás da União Democrata Cristã (CDU), a legenda chefiada pelo deputado Friedrich Merz, que deve liderar o próximo governo. Castigado nas urnas pelo eleitorado, o SPD sofreu uma derrota histórica e caiu para o terceiro lugar entre as futuras bancadas.
Nesta eleição federal, a AfD indicou como candidata a chanceler uma das colíderes da legenda, a deputada Alice Weidel.
Após a divulgação dos primeiros números neste domingo, Weidel celebrou o resultado. “Somos o único partido a dobrar em relação à última eleição – o dobro!”, disse Weidel a apoiadores na sede do partido em Berlim.
Na verdade, porém, o partido A Esquerda também conseguiu quase dobrar sua votação em relação a 2021 – embora, com 8,5%, sua bancada seja bem menor.
“Resta ver o que acontecerá nas próximas semanas”, disse Weidel, referindo-se às negociações que devem ocorrer agora para formar um governo de coalizão, e apelando a Merz. O conservador, porém, enfatizou diversas ao longo da campanha sua recusa em se aliar à ultradireita. Outros partidos tradicionais também se recusam a formar coalizão com a AfD.
“Se a CDU cometer fraude eleitoral contra a AfD, copiando nosso programa e depois entrando em uma coalizão com a esquerda, haverá novas eleições mais rápido do que se pode imaginar. Nós ultrapassaremos a CDU e esse é o nosso objetivo”, disse Weidel.
PESQUISAS
Pesquisas de boca de urna apontam que a aliança conservadora União Democrata Cristã (CDU)/União Social Cristã (CSU), liderada por Friedrich Merz, foi a mais votada do pleito, com 29% dos votos.
Com isso, Merz deve ocupar o posto de chanceler federal e substituir o impopular social-democrata Olaf Scholz na chefia do governo alemão.
“A esquerda acabou. Não há mais maioria de esquerda e não há mais política de esquerda na Alemanha”, disse Merz no sábado (22) em uma cervejaria em Munique, durante o comício que fechou sua campanha.
Apesar de ter superado o Partido Social Democrata (SPD) de Scholz, a CDU/CSU não assegurou maioria entre as 630 cadeiras no Bundestag. Assim, a legenda ainda terá que costurar alianças com outras siglas para solidificar a ascensão de Merz ao posto e garantir a formação de um governo estável, um processo que pode se arrastar por semanas. Até lá, Scholz deve permanecer no posto interinamente. E o processo pode se complicar dependendo da quantidade de legendas que podem formar bancadas no Parlamento, quando a contagem final for confirmada.
A CDU/CSU cresceu cinco pontos percentuais em relação ao pleito de 2021, quando foram superados pelo SPD. O resultado, porém, continua abaixo das marcas obtidas pelo partido sob a liderança da ex-chanceler Angela Merkel nos pleitos entre 2005 e 2017.
Por isso, mesmo com a vitória, o clima na CDU está longe da euforia. O desempenho da sigla, se confirmado, ficou muito aquém das expectativas. A competição com o partido de ultradireita Alternativa pela Alemanha (AfD) pelo eleitorado – explícita nas promessas de políticas mais duras de controle da imigração irregular – não parece ter dado certo. Pelo contrário: aparentemente, ajudou a mobilizar o eleitorado de esquerda.
Por enquanto, a governabilidade para os conservadores permanece uma incógnita. Para conseguir liderar um governo estável, um pretendente a chanceler federal precisa garantir mais de 50% dos votos no Bundestag. Como nenhum partido obteve essa marca sozinho, vai entrar em cena a costura de alianças .