Portal Você Online

AM: Manejo florestal é alternativa para conservação da biodiversidade

O manejo florestal sustentável pode ser uma alternativa viável para a conservação da biodiversidade na Amazônia Central, em áreas de exploração madeireira que abrangem os municípios de Itacoatiara (distante 176 quilômetros de Manaus), Silves (a 204 quilômetros de distância de Manaus) e Itapiranga (a 227 quilômetros da capital amazonense).

Foi o que apontou um estudo que mediu e avaliou os efeitos dessa exploração, frente aos impactos do desmatamento ilegal.

A pesquisa, intitulada “Manejo florestal sustentável como alternativa para a conservação da Amazônia: impactos da extração de madeira nativa sobre a biodiversidade”, coordenada pelo biólogo Ricardo Augusto Serpa Cerboncini, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), recebeu apoio do Governo do Amazonas – via Programa de Apoio à Fixação de Doutores no Amazonas (Fixam), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

O estudo apresentou resultados que indicam mudanças na composição da comunidade de aves nos primeiros anos após a exploração madeireira.

E teve o objetivo de detectar impactos em comunidades de aves, mamíferos, besouros e, ainda, sobre o processo de deposição de material vegetal que forma a serapilheira.

De acordo com Ricardo Cerboncini, no caso das comunidades de aves, a exploração madeireira não afetou o número de espécies nem a quantidade de aves, porém mudou a composição de espécies, ou seja, a identidade das espécies presentes nas comunidades, que provavelmente ocorreu devido à exploração madeireira aumentar a quantidade de clareiras na floresta – o que pode beneficiar algumas espécies, como as mais generalistas ou as que se beneficiam da maior entrada de luz no interior das florestas.

“ Isso é um indicativo de que as comunidades de aves podem estar retornando a uma situação similar à encontrada anterior à perturbação da atividade madeireira, em processo de sucessão ecológica seguindo a regeneração florestal”, disse o biólogo.

Entre outros impactos observados no estudo estão as estimativas ecológicas de alguns grupos da fauna, como de aves e de besouros escarabeídeos.

Além de mudanças em estimativas ecológicas como a composição e a estrutura das comunidades biológicas, alguns casos incluíram efeitos como a diminuição no número de espécies e no número de indivíduos após a exploração madeireira.

Outros grupos, no entanto, como os mamíferos de médio e grande porte, parecem não sofrer impactos significativos.

A taxa de deposição de serapilheira, que sofre grande influência da sazonalidade, com maior acúmulo de folhas e galhos durante a época mais seca do ano, também não apresentou efeitos significativos da atividade madeireira.

Segundo análise do pesquisador, apesar dos impactos observados, os resultados da pesquisa indicam que as comunidades biológicas podem se regenerar em poucos anos, sendo uma das condições necessárias para que uma atividade seja considerada sustentável.

“No entanto, é importante ressaltar que, apesar de termos considerado os efeitos em diferentes estimativas da biodiversidade, estudos sobre diferentes aspectos ecológicos ainda são necessários”, frisou o pesquisador, observando que, devido aos impactos existentes, essas áreas manejadas não devem substituir o papel de áreas legalmente protegidas, como as Unidades de Conservação da Natureza de Proteção Integral e as Áreas de Preservação Permanente.

O biólogo acredita que, apesar do manejo florestal sustentável levar em seu nome o conceito atrelado ao de desenvolvimento sustentável, o conhecimento acerca dos efeitos do corte seletivo de impacto reduzido em diversos aspectos da biodiversidade ainda são incipientes, e deixa claro que o objetivo do estudo foi mensurar seus efeitos em alguns desses aspectos, principalmente em comunidades biológicas que participam de processos ecossistêmicos importantes para a regeneração florestal, como na dispersão de sementes, nas regulações de populações de herbívoros e na decomposição de material orgânico.

Apoio

O coordenador da pesquisa reconhece o papel importante desempenhado pelas Fundações de Amparo à Pesquisa e, no caso do estado do Amazonas, a atuação da Fapeam.

“Sem a atuação da Fapeam não seria possível fazer uma análise criteriosa dos efeitos em estimativas de biodiversidade que não são usualmente abordadas em estudos técnicos realizados pelas empresas que desenvolvem as atividades em questão.

Sobre o Programa

Os recursos do Programa de Apoio à Fixação de Doutores no Amazonas (Fixam) são destinados a doutores, sem vínculo empregatício, para o desenvolvimento de pesquisas em instituições de ensino superior e/ou pesquisa, institutos de pesquisa, empresas públicas e privadas de pesquisa e desenvolvimento do interior do Estado.

Notícias Relacionadas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *