O pescador Laurimar Lopes Alves tinha sido preso durante uma operação contra pesca ilegal no Vale do Javari, em agosto

A Justiça Federal do Amazonas mandou soltar, na última terça-feira (7), o pescador Laurimar Lopes Alves, preso desde agosto durante uma operação contra pesca ilegal na reserva Vale do Javari, no município de Atalaia do Norte, na região da triplice fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia.
Cunhado de Amarildo Costa de Oliveira, acusado de matar indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, Laurimar também é suspeito de ter ajudado a ocultar os corpos das vítimas, em junho deste ano.
Na decisão, o juiz federal Fabiano Verli condicionou a soltura do pescador ao pagamento de fiança no valor de R$ 2 mil. O advogado Mozarth Bessa Neto, responsável pela defesa de Laurimar, confirmou o pagamento.
Em seguida, ele comunicará a unidade prisional de Tabatinga onde o suspeito está detido.
O Ministério Público Federal (MPF) se pronunciou contra a concessão da liberdade provisória, mas a Justiça entendeu que desde a prisão de Laurimar, encontrado com uma arma de fogo e redes de pesca, nenhum outro indício surgiu para justificar a manutenção da prisão preventiva.
Quanto à arma, bem, trata-se de ribeirinho que mora em local visitado por animais nocivos e sem qualquer patrulha de qualquer polícia, infelizmente.
Isso não torna a posse legal, mas justifica a narrativa de que sua posse, dentro do postulado de razoabilidade, não necessariamente quer dizer intenção de usá-la contra os demais comunitários. [Desde agosto,] nada de novo apareceu. Ou, pelo menos, nada de novo foi acostado pelo MPF aos autos”, argumentou o juiz ao conceder a liberdade provisória a Laurimar.
Além da fiança, o juiz estabeleceu que Laurimar compareça mensalmente à sede da Justiça Federal de Tabatinga ou à Justiça Estadual de Atalaia do Norte ou Benjamin, para demonstrar estar à disposição das ordens judiciais. As três cidades amazonenses ficam próximas.
O documento também estabelece que Laurimar deverá permanecer em reclusão domiciliar por tempo integral, exceto por quatro horas diárias, para atividades de trabalho, em caso de emergência de saúde comprovada e nos casos de saída para comprimento de deveres com a Justiça.
Ele também está proibido de manter “qualquer contato com os demais acusados ou pessoas que já tenham relatado se sentir ameaçadas por ele”.
O suspeito foi uma dos cinco presos de uma operação da Polícia Federal contra uma quadrilha de pesca ilegal em áreas indígenas do Vale do Javari. Além dele, Amarílio de Freitas Oliveira, filho de Amarildo, que foi transferido para Manaus e segue detido em uma unidade prisional.
A PF informou que a ação tinha como alvo integrantes de uma quadrilha que se concentra em comunidades ribeirinhas de Atalaia do Norte e Benjamin Constant, municípios localizados próximos à fronteira com o Peru e Colômbia.
De acordo com as autoridades, apesar de proibida, a pesca ilegal na terra indígena acontece em larga escala. A pesca comercial e predatória esgota os recursos dos quais os indígenas dependem para viver.
Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, suspeito de ser o mandante dos homicídios de Bruno e Dom e investigado por chefiar a quadrilha de pesca ilegal, ficou preso por mais de três meses, mas também foi solto, em outubro, após pagar uma fiança de R$ 15 mil. O MPF, no entanto, recorre da decisão e tenta mandá-lo de volta à prisão.
Envolvimento
Antes de ser preso na operação da PF, o pescador Laurimar já havia sido indiciado por suspeita de ter participado da ocultação dos corpos de Bruno e Dom.
As duas vítimas desapareceram quando faziam uma expedição na Amazônia. Eles foram vistos pela última vez em 5 de junho, quando passavam em uma embarcação pela comunidade de São Rafael.
De lá, seguiam para Atalaia do Norte. A viagem de 72 quilômetros deveria durar apenas duas horas, mas eles nunca chegaram ao destino.
Os restos mortais dos dois foram achados em 15 de junho. As vítimas teriam sido mortas a tiros e os corpos, esquartejados, queimados e enterrados.
Segundo laudo de peritos da PF, Bruno foi atingido por três disparos, dois no tórax e um na cabeça. Já Dom foi baleado uma vez, no tórax.
A polícia achou os restos mortais dos dois após Amarildo confessar envolvimento nos assassinatos e indicar onde estavam os corpos. Desde então, três pessoas seguem presas no inquérito que investiga os assassinatos:
- Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”;
- Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Dantos”;
- Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”.