A delegação do Amazonas entrou para a história do desporto escolar paralímpico ao quebrar oito recordes escolares durante sua participação nas Paralimpíadas Escolares, em São Paulo, que encerrou no fim da tarde desta sexta-feira (21), colocando o Estado na 13ª posição no ranking geral, com 35 medalhas conquistadas, sendo 17 de ouro, 11 de prata e 7 de bronze.
O feito inédito só foi possível graças ao incentivo, perseverança e parceria entre a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar, Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Associação Paradesportiva do Norte, que realizaram um trabalho intensivo como forma de democratizar o paradesporto amazonense, visando grandes competições nacionais, como as Paralimpíadas Escolares.
O chefe da delegação baré, Joniferson Vieira, avaliou a participação o Amazonas como um dos melhores em qualidade técnica e eficiência, devido aos recordes escolares batidos e superando potências paradesportivas como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
“O que justifica essa qualidade toda? Antes de tudo, a democratização das paralimpíadas. A gente tem vários clubes, hoje, em Manaus, além da Endurance, da Associação Amazonas Paralímpico e da Apan. Nós temos o Centro de Referência Paralímpico (na Ufam), que é coordenado pelo professor Keegan (Ponce), que é o meu braço direito na coordenação do Núcleo de Desporto Escolar. Tudo isso fez com que a gente tivesse realmente essa qualidade nos resultados”, explicou.
Os recordes escolares foram batidos pelos estudantes-atletas Ismael Martins Tavares (prova dos 400m e 100m), Efraim Costa da Silva (800m e 1500m); Cleonor Camarão (800m); Abraão de Almeida Moura (800m); Raianne Vitória Rabelo (800m) e Débora Vitória (200m).
Além da quebra de recorde, outros talentos foram revelados, como o Kauã Bryan Maricaua de Melo, 13 anos, indígena da etnia Kokana. Com poucos meses de treino e saindo de Manaus pela primeira vez, o jovem aluno da Escola Estadual Maria Teixeira Góes, no Zumbi, zona Leste, conquistou três medalhas, sendo uma de ouro (salto em distância) e duas de prata (arremesso de peso e 100m).
Um dos técnicos e responsável por treinar os atletas amazonense, o professor Joaquim Filho destacou a qualidade no desempenho dos atletas, fruto de muito trabalho dos professores, que também são técnicos da equipe, e dos pais dos atletas.
“É a seriedade do treinador em passar o melhor para o atleta, porque ele sabe o que é melhor para o atleta. E ajuda principalmente da família, que tem levado seus filhos para esses centros, para que possa ser desenvolvido uma atividade específica que é o atletismo. Sem eles e sem a base, que é a família, não teria tanto sucesso nessa equipe esse ano”, avaliou Filho.
Experiente e precursor do paradesporto amazonense, Joaquim assume com muita satisfação a missão de descobrir e treinar jovens alunos deficientes em idade escolar para o atletismo.
Com foco no próximo ciclo escolar e com a antecipação do Meeting Paralímpico para abril do ano que vem, Joniferson e Joaquim pretendem adiantar os preparativos e treinos com foco na descoberta de mais atletas, pois o meeting serve como seletiva para as Paralimpíadas Escolares.
“Ano que vem, com trabalho, dedicação, o esforço da família, vendo que realmente há uma seriedade no trabalho em geral, quem sabe daqui a um ano, dois anos, três anos a gente possa conseguir brigar de igual para igual. Hoje, os alunos realmente são cada dia melhores e isso nos deu uma satisfação muito grande por todo esse resultado”, finalizou Joaquim.
Segunda fase
A segunda fase das Paralimpíadas Escolares começa na próxima semana, com representantes do Amazonas no judô, parabadminton, tênis de mesa, bocha e natação.
O evento é uma realização do Comitê Paralímpico Brasileiro e os atletas barés conquistaram a classificação para a fase nacional por meio do 3º Parajeas/Meeting Paralímpico, realizado na Vila Olímpica de Manaus, julho. As passagens aéreas da delegação amazonense foram cedidas pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Educação Desporto Escolar.
