
Dados apresentados no XIX Encontro da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (Abet), mostram que o Amazonas se destaca no cenário da economia digital brasileira como líder em empregos digitais no país.
Impulsionado pelos incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus, o Estado concentra 3,8% dos empregos digitais do país, à frente de São Paulo e Distrito Federal, que têm 3,1% cada.
O setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC) e a produção de bens de informática são os principais motores dessa presença significativa do Estado.
O estudo de autoria da consultoria Macroplan mostra a evolução dos empregos na economia digital nos últimos 11 anos e sua participação no total dos trabalhadores, assim como mudanças no perfil dos profissionais, por características como grau de instrução, posição na ocupação, renda e distribuição geográfica.
No Brasil, o número de trabalhadores na economia digital cresceu 38% entre 2014 e 2024, alcançando 2,1 milhões de pessoas.
Esse avanço foi impulsionado especialmente pela digitalização acelerada durante a pandemia e pela integração do país às cadeias internacionais de serviços de TI.
Entre 2019 e 2024, quase meio milhão de profissionais foram incorporados ao setor, um aumento de 26,9%.
Perfil dos profissionais
O estudo também revela mudanças no perfil dos profissionais. A parcela de trabalhadores com pós-graduação saltou de 1% para 11% entre 2013 e 2024, enquanto o número de autônomos mais que dobrou.
Regionalmente, o Sudeste ainda domina, com 55,8% das vagas, mas o Nordeste ampliou sua participação de 13,4% para 15,1% no mesmo período.
Estados do Norte, exceto o Amazonas, e Mato Grosso têm menos de 1% da fatia de empregos digitais, evidenciando desigualdades regionais.
O setor de serviços de TI concentra a maior parte dos trabalhadores, com 46% do total em 2024, seguido pelo segmento de telecomunicações, que responde por 22% das vagas.
Capitais fora do eixo Sudeste, como Florianópolis, Recife e Fortaleza, têm buscado se consolidar no setor, mostrando que o mercado digital brasileiro começa a se diversificar geograficamente.
Para os próximos anos, a expectativa é de crescimento contínuo, embora em ritmo mais lento. A incorporação de inteligência artificial generativa pode alterar o perfil das vagas, favorecendo profissionais mais qualificados e limitando postos de entrada.
Ainda assim, o espaço para expansão é grande, especialmente em regiões que ainda estão distantes da plena digitalização.