Portal Você Online

Amazonas lidera homicídios contra mulheres e feminicídios; crimes podem ter relação com narcotráfico e colonização

No Amazonas, os números da violência letal contra mulheres, que incluem feminicídio e homicídio doloso feminino, lideram os dados do estudo Cartografias da Violência na Amazônia divulgado nesta semana pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto Mãe Crioula.

Os números mostram que a taxa do Amazonas chega a 6,4 mortes por 100 mil mulheres, 69% superior à média nacional, que é de 3,8 por 100 mil mulheres.

Os dados do Amazonas também superam os índices da Amazônia Legal que apontaram a taxa de 1,7 por grupo de 100 mil mulheres, 21,4% acima da média nacional.

amazonas-lidera-indices-de-hom

O relatório aponta como hipótese para os elevados índices de feminicídio e outras violências de gênero na Amazônia, o processo colonizador que moldou o desenvolvimento da região amazônica. Isto porque o processo de ocupação da Amazônia tem forte relação com a exploração de seringueiras e produção de borracha, o que levou milhares de homens para a região a partir de meados de 1870.


A população da época era formada majoritariamente por homens solteiros que foram para a Amazônia trabalhar nos seringais.

Às mulheres, em minoria numérica na época, não cabiam nenhuma função produtiva, então tornavam-se propriedade de algum homem e podiam ser comercializadas como escravas, servas, prostitutas, podendo ser encomendadas ou até vendidas.

A ampliação da presença de facções criminosas na região da Amazônia brasileira, de acordo com a pesquisa, parece ter complexificado o fenômeno da violência de gênero, principalmente se considerarmos suas intersecções com as dinâmicas impostas por grupos criminosos armados no território.

O levantamento também não descarta que o narcotráfico, tido como um espaço masculino por excelência, passa a contar cada vez mais com mulheres em diferentes ocupações.

A pesquisa identificou o uso de meninas, principalmente irmãs e mulheres de jovens envolvidos com grupos faccionados, como “iscas” para atrair representantes de facções rivais para emboscadas.

Os dados mostram ainda que também não é possível ignorar o protagonismo que mulheres passaram a desempenhar nos negócios criminais, muitas vezes participando ativamente da lavagem de dinheiro do tráfico15 e ocupando posições de liderança nas facções.

Notícias Relacionadas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *