
Entre janeiro de 2015 e agosto de 2025 foram registradas 53.158 internações por procedimentos relacionados ao aborto no Amazonas, segundo dados do SIH/DATA SUS (Sistema de Informações Hospitalares do SUS). O número representa a 12,1% do total nacional, que ultrapassa 1,86 milhão de internações no mesmo período.
Dessas internações, 3.127 ocorrem de janeiro a agosto de 2025. Os procedimentos mais comuns são a curetagem, que representa 92,8% dos casos (49.325 registros), e a AMIU (Aspiração Manual Intrauterina), responsável por 7,2% (3.833 registros), realizados em situações de abortamento.
Na Região Norte, o Amazonas é o segundo estado com maior número de registros atrás apenas do Pará, que lidera com 95.684 internações e 51 mortes. No total, os estados do Norte somaram 225.654 internações e 83 mortes, com gasto público de R$ 4,7 milhões no período.
Em comparação com as demais regiões do país, o Norte registrou 225.654 internações (12,1% do total nacional). O Sudeste lidera com 643.026 casos e 163 óbitos, seguido pelo Nordeste, que contabiliza 623.405 internações e 159 mortes.
Apesar dos números expressivos, a pesquisa destaca que o total de abortos no Brasil é muito maior do que o registrado oficialmente. Como o procedimento é criminalizado fora das três exceções previstas em lei, muitos casos ocorrem de forma clandestina e não chegam ao sistema de saúde.
“No Brasil, o aborto é um procedimento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) em três situações: quando a gravidez é resultado de um estupro, quando ela incorre em risco de morte para a gestante e quando o feto não desenvolve o cérebro (anencefalia fetal). Em casos de estupro, não é necessário apresentar boletim de ocorrência: a palavra da pessoa basta. Já nos demais casos, a requisição da interrupção da gravidez ocorre após diagnóstico e laudo médico”, citam os pesquisadores.
Nessas situações, o procedimento pode ser realizado gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), havia, até setembro de 2023, 100 serviços registrados em todo o país habilitados para realizar o aborto previsto em lei.
O painel Panorama do Aborto no Brasil, que reúne e atualiza dados oficiais, ressalta que o aborto é um fenômeno presente em todas as classes sociais, religiões e faixas etárias, e que a criminalização não reduz sua ocorrência. Em média, 1 em cada 7 mulheres brasileiras já fez pelo menos um aborto até os 40 anos de idade.


