Amazonas (1,6), Maranhão (1,3), Pará (1,4), Amapá (1,5), apresentam as menores razões de médicos por mil habitantes e a região Norte, que tem 8,6% dos brasileiros, contabiliza somente 4,85% dos médicos. Nos quatro estados, houve crescimento de profissionais nos últimos 14 anos.
Em todos eles, a proporção era inferior a 1 no levantamento de 2010.
É o que aponta um novo levantamento baseado nos dados da Demografia Médica de 2024 do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicado pelo jornal O Globo nesta quarta-feira (16).
O levantamento mostra que o número de médicos aumentou 89% no Brasil desde 2010, saindo de 304.406 e chegando a 575.930profissionais ativos neste ano. Em 13 estados, o crescimento foi acima do dobro, como Piauí tendo registrado um salto de 158%.
Ainda assim, segundo o levantamento, o país vive uma intensa desigualdade na taxa de profissionais por mil habitantes, que atinge uma diferença de até cinco vezes entre os estados. Na ponta superior, o Distrito Federal ostenta uma proporção de 6,3 médicos a cada mil pessoas, enquanto no Maranhão a taxa é de 1,3.
Os números mostram ainda que, enquanto o Sudeste concentra 41,7% da população, a região abrange 51,1%de todos os profissionais.
Em relação a 2010, os estados que observaram os maiores crescimentos de profissionais, além do Piauí, foram Rondônia (156%); Paraíba (153%); Mato Grosso (142%); Tocantins (141%); Ceará (125%); Goiás (123%); Mato Grosso do Sul (120%); Santa Catarina (110%); Sergipe (107%); Acre (106%); Roraima (106%) e Alagoas (103%).
Nenhum registrou diminuição da quantidade de médicos ou da densidade de profissionais nos últimos 14 anos.
Com isso, o país chegou a uma taxa nacional de 2,81 médicos por mil habitantes, crescimento importante, já que aproxima o Brasil da meta de alcançar a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 3,7 profissionais.
O novo levantamento destaca que 13 unidades da federação apresentam uma média igual ou superior a de países como Estados Unidos (2,7) e Japão e Coreia do Sul (2,6 em cada).
Seis estados chegam a ter índices superiores ao do Reino Unido (3,2), que conta com um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo.
As taxas por estado do Brasil consideram o número de registros nos Conselhos Regionais de Medicina, que é levemente superior ao de profissionais absolutos pelo fato de os médicos poderem se registrar em mais de um estado.
As unidades da federação que mais concentram profissionais são o Distrito Federal (6,3) seguido por estados das regiões Sudeste e Sul: Rio de Janeiro (4,3); São Paulo (3,7); Espírito Santo (3,6); Minas Gerais (3,5); Rio Grande do Sul (3,4); Paraná (3,2) e Santa Catarina (3,2).
No geral, a pesquisa do CFM mostra que 57,8% dos profissionais no Brasil estão em municípios acima de 500 mil habitantes, e que os locais têm uma taxa média de 6,12 médicos por mil pessoas —quase o dobro da meta nacional.
Para mudar esse cenário, desde 2013 o programa Mais Médicos, do governo federal, leva profissionais para municípios do interior e para as periferias das grandes cidades.
Até agora, a iniciativa já levou mais de 26,6 mil médicos a essas localidades, segundo dados do Ministério da Saúde.
O presidente do CFM, José Hiran Gallo, defende a necessidade de políticas públicas estruturais focadas nessa redistribuição.
Em coletiva de imprensa sobre a pesquisa, disse que é preciso ter condições de trabalho e plano de carreira para levar os profissionais às regiões mais remotas e fazer com que eles permaneçam lá: “É preciso ter laboratório, leito, condições de trabalho. Não só salário, mas um contexto geral, porque, quando o médico se desloca, ele vai com os familiares. Então são necessárias condições mínimas, ou não conseguiremos levar médicos suficientes para os locais distantes do país”.