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Amazonas tem cidades com 50% dos peixes contaminados por mercúrio do garimpo

Um estudo inédito feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Greenpeace, Iepé, Instituto Socioambiental e WWF-Brasil, identificou que peixes consumidos pela população em seis estados da região Norte do Brasil têm contaminação por mercúrio com concentração do metal 21,3% acima do permitido. No Amazonas, há cidades em que esse índice sobe para 50% – Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira.

Para os pesquisadores, essa alta tem relação com o avanço de garimpos de ouro. Foram coletadas amostras de 80 espécies de peixes em todas as capitais destes estados e de outros 11 municípios do interior.

No estudo foram incluídos dados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. Para chegar ao dado, a pesquisa avaliou peixes vendidos em estabelecimentos comerciais me cidades nos estados e, depois, foi produzida uma média.

Segundo os dados, entre os estados pesquisados, Roraima tem o maior índice de contaminação: 40% dos peixes analisados possuem índices do metal pesado altamente tóxico superior ao limite recomendado pelas regras sanitárias e de saúde. No estado, a análise foi feita em Boa Vista.

A presença do mercúrio no organismo humano pode causar problemas de saúde que afetam o sistema nervoso, sendo mais grave o consumo por grávidas, por sua interferência na saúde do bebê, e para crianças.

A Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO/WHO) e a Agência de Vigilância Sanitária brasileira estabelecem teor de 0,5 micrograma por grama

Essa foi a base de cálculo usada no estudo para chegar ao nível de contaminação. Roraima ultrapassou de 5,9 a 27,2 microgramas esse potencial ingestão de mercúrio pela população por meio de peixes.

No estado, a pesquisa se concentrou em peixes que seriam vendidos para a população na capital Boa Vista. Pesquisadores coletaram 75 peixes de 27 espécies direto de pescadores em quatro rios: Uraricoera, Mucajaí, Branco e Baixo Rio Branco. Entre as espécies analisadas com maior contaminação estão o coroataí, barba chata, piracatinga, filhote e peixe cachorro.

Estudo do consumo de peixe

O estudo, denominado “Análise regional dos níveis de mercúrio em peixes consumidos pela população da Amazônia Brasileira”, foi desenvolvido de março de 2021 a setembro de 2022, com amostras de 1.010 peixes coletados nos 17 municípios, incluindo as capitais.

Para identificar o nível de contaminação dos peixes, os pesquisadores fizeram as coletas dos animais em mercados públicos, feiras-livres ou direto com pescadores – como foi o caso de Roraima.

Depois, analisaram o impacto dessa contaminação na saúde humana, usando como parâmetro o consumo de peixe entre quatro grupos: homens adultos, mulheres em idade fértil, crianças de 2 a 4 anos, e de 5 a 12 anos.

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