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Amazonas tem o primeiro caso de Covid-19 em indígena

Mulher da etnia Kokama, de19 anos, está isolada com a família na Aldeia São José, em Santo Antônio do Içá; município já tem quatro casos confirmados

Equipe médica em Santo Antônio do Içá monitora indígenas após confirmação do caso na região. Foto: Secretaria de Saúde de Santo Antônio do Içá

A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) confirmou nesta quarta-feira (1) o primeiro caso do novo coronavírus entre a população indígena no país. A paciente é uma agente de saúde do município amazonense de Santo Antônio do Iça, próximo da fronteira com a Colômbia (250km). Ela é da etnia Kokama, de 19 anos, moradora da aldeia São José, praticamente um bairro da área urbana da cidade onde moram 1.600 índios

Ela teve o contato com um médico que atende a região em 18 de março e no dia seguinte apresentou os sintomas da doença e colheu material para o exame. No dia 25 de março teve o resultado positivo. Ela mora com outras sete pessoas, que estão sendo monitoradas e a comunidade toda do São José está em quarentena. Até então a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) não tinha registrado nenhum caso entre povos indígenas brasileiros.

No total, o município de Santo Antônio do Içá já soma quatro casos positivos para a Covid-19, entre eles um médico que acredita ter contraído o vírus durante viagens aos  estados de Santa Catarina e Paraná. Ele também não descarta a possibilidade de ter sido infectado em Santo Antônio do Içá, que fica a 880 quilômetros de Manaus, no sudoeste do estado.

Os outros dois casos confirmados também são de homens, um de 38 e outro de 45 anos. A cidade, que tem cerca de 25 mil habitantes, possui ainda outros 54 casos suspeitos aguardando resultando e outros 50 já foram descartados.

A indígena que teve seu caso confirmado viajou a outros municípios do Alto Solimões, como Tabatinga, de acordo com o secretário de saúde do município, Francisco Ferreira Azevedo. Ela trabalha como agente de saúde e atende em aldeias na região e retornou de viagem com febre,  dores na cabeça e  garganta e aperto  no  peito. Pai, mãe, marido e filha da jovem estão sendo monitorados pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) como suspeitos

 – Todos que tiveram contato direta ou indiretamente serão isolados, afirma a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Santo Antônio do Içá, Andressa Jean.

No sábado, a imprensa publicou que ao menos dois indígenas da etnia Tikuna foram identificados com sintomas do novo coronavírus no município de Santo Antônio do Içá e testaram  positivo para a Covid-19. Mas as novas coletas que vieram do Laboratório Central de Manaus, no entanto, deram negativas.

Assim que foi confirmada a contaminação do médico, agentes de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do Alto Solimões, vinculado à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), voaram de helicóptero de Tabatinga à aldeia Lago Grande, em Santo Antônio do Içá, para monitorar 13 tikunas, dos quais 10 foram atendidos pelo médico e outros três trabalharam com ele nos últimos dias.

A aldeia São José possui 1.658 moradores. A população Kokama, que faz parte da família dos Tupi-Guarani, habita a região do Solimões e é distribuída entre os municípios de Tabatinga, São Paulo de Olivença, Benjamim Constant, Amaturá, Santo Antonio do Içá, Tonantins, Fonte Boa, Tefé e Jutaí.  Também há registros dos Kokama no Peru e na Colômbia.

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