Cientistas começam a rever alguns estudos sobre o confinamento e a imunização do rebanho após o achatamento da curva de óbitos no estado, que teve índices de isolamento social abaixo de 50% na pandemia
O Amazonas virou referência entre os pesquisadores-comentaristas das redes nacionais de tevês sobre a redução do número de casos de coronavírus em um curto espaço de tempo. Os pesquisadores agora procuram respostas para os resultados da capital amazonense, que achatou a curva da Covid-19 com uma siginificativa queda no registro de mortes – atualmente menor do que antes da pandemia. Durante a pandemia, Manaus não adotou o lockdown e teve níveis de isolamento abaixo dos 50%, considerados longe do ideal nesses casos pelos especialistas.
A cidade virou uma espécie de ‘case de sucesso’ para os defensores do fim do isolacionismo, que tem usado a capital como justificativa para a volta das atividades econômicas e não essenciais, além do fim do confinamento nos debates. Os estados do Amazonas, Rio e São Paulo tem registrado uma curva decrescente de mortes, mesmo com a reabertura do comércio, apesar de aglomerações, como de dias atrás nos bares do Leblon, no Rio.
Um desses defensores é o deputado federal pelo MDB do Rio Grande do Sul, o médico Osmar Terra. Ele acredita que, hoje, o maior ambiente de contaminação está em casa, na quarentena. Em entrevista ao programa Pânico da rádio Jovem Pan de ontem, Terra disse “A epidemia está terminando no mundo e no Brasil e a tal da segunda onda é o último recurso da midia apocalíptica para te assustar”.
Terra também criticou o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que chegou a falar em caminhões do Exército para transportar corpos e em cálculos de 1,5 milhão de brasileiros mortos. “Não sei de onde arrunou aquelas informações”, questiona Terra.
De acordo com os especialista, a imunidade de rebanho pode ter ficado abaixo dos 61%. Antes tida como 700 mortes por milhão de habitantes (caso da Bélgica), agora já se fala em se consider o númedo de 450, como foi na Alemanha, que teve um isolamento social mais flexível.
Algumas perguntas ainda estão sem respostas e novas possibilidades já começam a ser consideradas a partir da situação de Manaus, que mantém um quadro estável, com a redução do numero de óbitos, apesar de ter praticado um isolamento social abaixo dos 50% na pandemia, e está entre as metropoles onde a doença está sob controle.
“Não sei como Manaus conseguiu isso”, disse ontem à noite uma pesquisadora da Fiocruz, no Jornal das Dez da Globo News, durante a apresentação do mapa da doença do Brasil. Pela classificação do mapeamento da Globo News, estados com estabilidade de mortes estão na cor Laranja, com aumento de óbitos em vermelho e com redução em amarelo, caso do Amazonas.
Esse quadro de estabilidade do estado também é confirmado pelos dados do consórcio de veículos de imprensa, formado por O Globo, Extra, G1, Folha de São Paulo, UOL e O Estado de São Paulo, também pelo Conass (Conselho de Secretários de Saúde) e do próprio Ministério da Saúde, que demonstram que o platô da curva achatou na capital amazonense com relação aos picos registrados em abril com mais de 140 mortes por dia.
O boletim epidemiológico nº 103 da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) desta segunda-feira (13) confirmou nove óbitos pela doença, dos quais cinco ocorridos nas últimas 24 horas – quatro que tiveram confirmação diagnóstica no mesmo dia, um total de 3.048 mortes desde o início da pandemia.
De acordo com os últimos dados da Prefeitura de Manaus, que administra os cemitérios públicos da cidade, foram registrados 26 sepultamentos e dois óbitos domiciliares. Um número inferior a média de 35 enterros, de antes da pandemia.
O estado também avançou na execução do plano de reabertura gradual do comércio e retomada de atividades não essenciais, que teve o 4º ciclo liberado no último dia 6 de julho. Além do funcionamento de creches, escolas e universidades da rede privada, o governo estadual incluiu, nesta etapa, a abertura de bares (apenas na modalidade restaurante), ampliou o horário em academias de ginástica e definiu datas para o retorno do futebol estadual.
Alerta
“Mas isso não significa que o perigo já passou”, alerta a diretora-presidente da Fundação de Vigilânia e Saúde do Amazonas, Rosemary Pinto. Ela continua recomendando o uso de máscaras e que os amazonenses continuem evitando aglomerações e mantenham os hábitos de higiene.
“Vamos manter o distanciamento míninomo de um metro e meio e a higienização com álcool em gel e a lavagem das mãos”, orienta a diretora-presidente da FVS.
Outros estados – O mapa das mortes pelo novo coronavírus no Brasil aponta, ainda, outros cinco estados que registram números em queda: Acre, Amapá, Pará, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Dez estados estão em situação de estabilidade: Rondônia, Maranhão, Ceará, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e São Paulo.
Outros dez estados, além do Distrito Federal, apresentam alta nos números de mortes: Roraima, Tocantins, Paraíba, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.