
Críticos à operação que desarticulou o maior escândalo de corrução no Brasil pelo PT são as principais opções para postos como o comando da AGU, da CGU e da Secretaria de Assuntos Jurídicos, do próximo governo. Uma das tarefas será rever multas bilionárias aplicadas a empresas em acordos de leniência, que recuperaram milhões roubados dos covres públicos pelo partido do presidente eleito.
Advogados que ganharam protagonismo no debate jurídico nos últimos anos com críticas ao que consideraram excessos da Operação Lava-Jato estão cotados para assumir os principais postos da área no governo de Lula.
Advogados e juristas com esse perfil também estão entre os favoritos para as vagas do Supremo Tribunal Federal (STF) que abrirão em maio e outubro de 2023, com a aposentadoria dos ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.
Lula precisará não desagradar a ninguém, pois a lista de profissionais que ganharam a sua confiança e a de seus auxiliares mais próximos durante a operação policial aumentou nos últimos anos diante da enxurrada de ações envolvendo integrantes do partido, especialmente relacionadas à Lava-Jato.
Alguns dos candidatos a essas vagas, inclusive, têm como trunfo uma espécie de dívida de gratidão após conseguirem que seus clientes escapassem de processos, como no caso do próprio presidente eleito, que atribui ao trabalho do advogado Cristiano Zanin a anulação de suas condenações na operação.
E é justamente um perfil crítico à operação que Lula procura para comandar órgãos como a CGU, que, no ano que vem, terá como uma das tarefas rever multas bilionárias aplicadas a empresas em acordos de leniência — a delação premiada de pessoas jurídicas.
Como mostrou a colunista Bela Megale, empreiteiras têm se articulado para levar ao futuro governo pedidos de revisão das penalidades acertadas nessas negociações e a devolução do dinheiro.
Os advogados Vinícius Marques de Carvalho, Juliano Breda, Mauro Menezes, que fazem parte do Prerrogativas — grupo de juristas que reúne críticos à Lava-Jato e simpáticos a Lula — são os mais bem avaliados para assumir a CGU.
Nesse caso, o que deve pesar é a experiência, o que daria vantagem a Marques de Carvalho. Ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na gestão de Dilma Rousseff, ele tem o apoio dos ex-ministros Aloizio Mercadante e Gilberto Carvalho, dois homens da estrita confiança de Lula.
Breda, por sua vez, foi advogado de Gleisi Hoffmann, presidente do PT, na Lava-Jato, enquanto Menezes esteve à frente da Comissão de Ética Pública.
Outros três nomes estão no páreo para comandar a AGU, responsável por representar a União judicialmente e também prestar consultoria jurídica a toda máquina pública federal.
O mais cotado é o de Jorge Messias, que ficou conhecido como “Bessias” ao ser citado por Dilma em uma conversa por telefone com Lula interceptada pela Lava-Jato. Procurador da Fazenda Nacional, é bem visto dentro do PT, com apoio de lideranças do partido como o senador Jaques Wagner (BA), além de ter bom trânsito no STF. Também faz parte do Prerrogativas.
Messias tem como concorrente à vaga a chefe de gabinete do ministro do STF Dias Toffoli, Daiane Nogueira de Lira. Além do atual chefe, ela tem a simpatia dos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. O nome de Daiane já foi levado ao presidente eleito e, segundo integrantes do partido, não possui qualquer veto.


