O músico britânico Roger Waters, conhecido por sua posição política engajada, enfrenta agora as consequências de suas críticas veementes à ofensiva israelense em Gaza e ao questionamento sobre o ataque terrorista do Hamas, que matou 1.200 civis israelenses em 7 de outubro. Hotéis em Montevidéu, Uruguai, e em Buenos Aires, Argentina, cancelaram as estadias do ex-integrante da banda Pink Floyd e ele permanece em São Paulo, onde fez show e se encontrou com Lula, que também é um crítico de Israel.
A rejeição, baseada em suas posições políticas, coloca em xeque suas apresentações programadas na região sul-americana nos próximos dias.
Uma queixa de “anti-semitismo” foi apresentada nesta quarta-feira contra Roger Waters na Argentina, enquanto o ex-vocalista do Pink Floyd, em turnê, acusava “o lobby israelense” de proibi-lo de entrar em hotéis na América do Sul.
Waters, que acabou de realizar vários shows no Brasil como parte de sua turnê “This Is Not a Drill”, se apresenta em Montevidéu nesta sexta-feira (17) e em Buenos Aires na próxima terça e quarta-feira (21).
Conhecido crítico do governo israelense, disse ao jornal argentino Pagina 12 que não tem escolha, senão ficar em São Paulo, onde se apresentou recentemente.
“De alguma forma, esses idiotas do lobby israelense conseguiram cooptar todos os hotéis em Buenos Aires e Montevidéu e organizaram esse boicote extraordinário baseado em mentiras maliciosas sobre mim”, disse ele, segundo o Página 12, em um artigo publicado em espanhol.
Waters acrescentou: “Não tive um único pensamento anti-semita em toda a minha vida”, e insistiu que a sua crítica foi às ações do governo israelense.
No entanto, o advogado Carlos Broitman disse à AFP que apresentou uma queixa contra Waters em um tribunal federal, considerando que a sua visita foi uma oportunidade para o artista “espalhar a sua mensagem de ódio e incitar ou agravar o anti-semitismo”. A Argentina tem a maior população judaica da América Latina, com cerca de 250 mil indivíduos.
No vizinho Uruguai, os presidentes do Comitê Central Israelita, Roby Schindler, e da ONG judaica B’Nai B’Rith, Franklin Rosenfeld, acusaram Rogers de ser um “propagador” do ódio judaico, em cartas endereçadas ao Sofitel e divulgadas em mídia social. Schindler chamou Waters de “misógino, xenófobo e anti-semita”, enquanto Rosenfeld ameaçou uma campanha anti-Sofitel se o hotel hospedasse o “artista anti-semita”.
O roqueiro, nascido na Grã-Bretanha e residente de longa data em Nova York, recentemente também pareceu lançar dúvidas em uma entrevista sobre a veracidade das declarações de Israel sobre o ataque de 7 de outubro do grupo terrorista extremista islâmico Hamas.
Esse ataque, o pior da história de Israel, matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e o Hamas levou cerca de 240 reféns de volta para Gaza, segundo autoridades israelenses. Vinte e um dos sequestrados eram cidadãos argentinos, segundo Buenos Aires.
A polícia de Berlim abriu uma investigação depois que Waters vestiu uma fantasia aparentemente de inspiração nazista em um show em maio.