
Cinquenta e nove dos 62 municípios do Amazonas integram uma lista de 1.942 cidades brasileiras localizadas em áreas de risco para desastres climáticos, segundo nota técnica elaborada pela Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento da Casa Civil da presidência da República.
Isso representa 153,4 mil pessoas que moram e convivem nestas localidades, o equivalente a 3,9% da população amazonense.
Conforme o levantamento, somente os municípios de Barcelos, Canutama e Santa Isabel do Rio Negro não possuem áreas de risco para desastres naturais como deslizamentos, enxurradas e inundações. Os demais municípios inspiram cuidados.
A capital amazonense, Manaus, concentra mais de 55 mil pessoas que residem em áreas de risco e está classificada como “município crítico”.
O levantamento da Casa Civil, realizado em parceria com outros ministérios, como o das Cidades, Meio Ambiente e do Desenvolvimento Regional e, iniciado em março do ano passado, atualizou dados de 2012, quando foi feito estudo sobre as áreas perigosas para desastres climáticos no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Naquela época, o Amazonas contabilizava 37 municípios críticos e liderava na região Norte este triste ranking.
Doze anos depois, o número de cidades amazonenses em situação de risco subiu para 59, mas o Estado caiu uma posição na região, ficando em segundo lugar, perdendo apenas para o Pará que detém 82 municípios com áreas de risco para desastres ambientais.

Prevenção
Em 2023, o Amazonas registrou uma seca recorde e histórica que afetou praticamente todo o Estado e causou diversos danos ambientais, materiais e de saúde à população.
Neste mesmo ano, o Estado do Rio Grande do Sul também registrou fenômenos climáticos muito graves com ciclones, vendavais e uma grande cheia.
Um ano depois, o Rio Grande do Sul está vivenciando uma cheia devastadora do rio Guaíba, a maior desde 1941 com efeitos negativos incalculáveis. Diante do que está acontecendo no Sul do país, a região Norte já começa a se preocupar com mais uma seca severa e extrema, que pode acontecer a partir do segundo semestre, conforme monitoramento do Cemaden.
Em nota curta, o Ministério das Cidades disse à reportagem que, atualmente, está em andamento três projetos da pasta no Amazonas de prevenção à seca, sendo dois para manejo de água e um para abastecimento de água, nas cidades de Manaus e Tabatinga.
“Um projeto é de 2007, outro de 2009 e outro firmou contrato em 2024. Com previsão para 2024, 2025, respectivamente. Com valor de investimento de R$ 311.018.734 e, beneficiando 95 mil famílias. São projetos para manejo de águas pluviais e abastecimento de água. São projetos do PAC”, diz a nota.
Cenário que avança
O estudo da Casa Civil com os demais ministérios mostra que 1.942 municípios brasileiros possuem localidades em áreas de risco para desastres climáticos, a maioria na região Sudeste, com destaque para Minas Gerais. Esse número dobrou em mais de dez anos. Em 2012, o país tinha um total 821 municípios com alguma área de risco crítica.
Nessas quase duas mil cidades residem 148,8 milhões de pessoas, sendo que quase 9 milhões (segundo o mapa acima) moram diretamente em áreas propensas a deslizamentos, enxurradas e inundações, o equivalente a 6% da população brasileira.
Com a catástrofe climática que atinge o Rio Grande do Sul, o governo federal e o Congresso Nacional estão reavaliando medidas e projetos factíveis para enfrentar o avanço e o impacto dos fenômenos climáticos que tem ficado mais frequente no país na última década.