De “office boy ” a morte de
Celso Daniel em 2002, teve de tudo, menos meio ambiente.
A ida do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles , a uma audiência pública na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, (7), acabou em bate-boca com ele e deputados ruralistas de um lado, e parlamentares de oposição do outro.
Em meio à confusão, até o nome do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel (PT) foi mencionado. A sessão foi encerrada e Salles teve de deixar o plenário onde a reunião acontecia escoltado por seguranças da Câmara.
Salles participava de uma audiência da Comissão de Integração Regional e Desenvolvimento Regional da Amazônia da Câmara dos Deputados. Foi a primeira ida dele à Casa depois da polêmica substituição do ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão.
A troca dele pelo militar Darcton Policarpo Damião aconteceu depois de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) criticar a divulgação de dados sobre o desmatamento feita pelo órgão. A substituição gerou críticas de ambientalistas e organizações não-governamentais.
Durante a audiência, Salles foi criticado pela substituição de Galvão e por sua proximidade com setores como o madereiro e agropecuário, tidos como os vilões do desmatamento na Amazônia.
No fim da audiência, o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) comparou Salles aos bandeirantes que, durante o período colonial, viajavam ao interior do país caçando índios e explorando as riquezas naturais do Brasil.
Tatto disse que Salles era o “melhor ministro da Agricultura no ministério do Meio Ambiente e ainda chamou Salles de “office boy” de um modelo de desenvolvimento contrário à preservação da natureza.
“O senhor é o ‘office boy’ desse modelo de desenvolvimento que quer destruir os recursos naturais e comprometer a vida no futuro. O senhor só não se parece fisicamente com Borba Gato, Fernão Dias e Domingos Jorge Velho, mas a ação que o senhor faz é do novo bandeirantismo que vai lá cooptar, matar, que vai cooptar uma liderança indígena em detrimento da organização daquele povo. E se não cooptar, faz como se faz e como sempre se fez: mata — disse Tatto.
A declaração do deputado causou reação entre parlamentares da bancada ruralista que acompanhavam a sessão e davam suporte a Salles ao longo da audiência.
Ministro rebate com caso Celso Daniel
Ao retomar a palavra, Salles partiu para o ataque e fez menção ao assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel (PT), em 2002.
Eu não sou office boy de coisa nenhuma. Quem deve saber muito bem de matar gente em razão de coisas é o pessoal está envolvido lá no assunto Celso Daniel. Não admito que o senhor me trate desse jeito — disse Salles.