A defesa do empresário Roberto Montavani Filho, que se envolveu numa confusão no aeroporto de Roma com Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu que as imagens do episódio na Itália sejam liberadas após meses nas mãos da Polícia Federal, que até o momento não concluiu o inquérito e nem identificou provas contra Montavani. O evento ocorreu em 14 de julho.
Quase dois meses depois, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) recebeu no dia 4 de setembro último os vídeos feitos em desentendimento por causa da sala VIP numa viagem a Roma, na Itália.
O empresário fala em suposta carteirada de Moraes para colocar os familiares na sala VIP do aeroporto em detrimento dos idosos e crianças da família dos acusados que estavam juntos no momento do início da confusão.
Uma parte das imagens foi liberada pela defesa e mostra Moraes chamando o empresário de “bandido” – veja abaixo. A PF analisou as imagens das câmeras de segurança do terminal, compartilhadas por autoridades italianas, e concluiu que o empresário Roberto Mantovani ‘parece’ que em determinado momento, o empresário Roberto Mantovani bateu com as costas da mão no filho de Moraes, Alexandre Barcibateu no rosto do filho de Moraes.
Os advogados Ralph Tórtima Stettinger Filho e Thiago Amaral Lorena, que representam o empresário, insistem no acesso ao vídeo para fazer uma perícia própria. Eles afirmam que o trabalho da PF foi ‘minuciosamente seletivo’.
Em manifestação ao STF nesta segunda-feira (23), os criminalistas afirmam que trechos importantes do entrevero teriam sido omitidos no relatório da Polícia Federal.
Os advogados afirmam que faltou mencionar que Moraes fotografou os manifestantes e que o filho do ministro teria ofendido o grupo e tentado impedir filmagens.
Em depoimento à PF, Moraes narrou que avisou ao empresário e a seus familiares que iria fotografá-los para que fossem identificados e responsabilizados.
O ministro também admitiu que, ao ser chamado de bandido pelo corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto, genro de Mantovani, ‘repetiu a mesma expressão em tom jocoso’.
Já o filho dele alegou aos investigadores que apenas ‘pediu respeito’ e advertiu que ‘medidas legais cabíveis’ seriam tomadas, mas negou ofensas.
A defesa juntou ao processo, no início do mês, um vídeo de nove segundos, feito por um dos investigados, mas se recusa a entregar o celular usado na gravação enquanto não tiver acesso às filmagens do aeroporto.
O delegado federal Hiroshi Sakaki, responsável pela investigação, diz que o aparelho precisa ser periciado para verificar se as imagens foram editadas ou adulteradas e se mais vídeos foram gravados, apesar de já ter em mãos as imagens das câmeras de segurança do aeroporto de Roma.
Os advogados também querem verificar se os trâmites para obter as filmagens do aeroporto obedeceram as regras de cooperação internacional. Para isso, pediram acesso a todos os documentos do procedimento. O pedido ainda não foi analisado.
Outra queda de braço gira em torno da competência para conduzir as investigações. A defesa quer a redistribuição do caso por considerar que o inquérito não tem relação com os protestos do dia 8 de janeiro e, por isso, não deveria ter sido remetido à equipe de policiais federais que conduz as apurações sobre os atos golpistas em Brasília. A Procuradoria-Geral da República (PGR) deu parecer favorável aos advogados.
Cabe ao ministro Dias Toffoli, relator do inquérito, decidir sobre os impasses entre defesa e PF. Ele levantou o sigilo dos autos, mas até o momento mantém a íntegra das imagens do aeroporto em sigilo.
“Não há razão para expor envolvidos e terceiros que aparecem nas cenas captadas”, justificou. Toffoli autorizou a defesa a assistir ao vídeo, mas negou a extração de cópias, ou seja, os advogados podem marcar um horário para ver a gravação, mas não podem levar consigo com uma versão.