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Irã usa balas e gás lacrimogêneo para reprimir protestos


Polícia do Irã diz que não usou força letal em protestos


Estudantes iranianos protestam em Teerã
Foto: Reprodução

A polícia e as forças de segurança iranianas dispararam balas reais e gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes que protestavam contra as autoridades, que negaram inicialmente ter abatido um avião ucraniano, informou hoje (13) a agência Associated Press (AP).

Os veículos de comunicação estatais do Irã não noticiaram imediatamente o incidente perto de Azadi, ou Praça da Liberdade, em Teerã, na noite desse domingo (12). No entanto, organizações não governamentais de defesa de direitos humanos já pediram ao Irã que permita que as pessoas protestem pacificamente, conforme permitido pela Constituição.

“Após traumas nacionais sucessivos em curto período de tempo, as pessoas devem poder expressar o luto e exigir responsabilidades em segurança”, disse o diretor executivo da organização não governamental (ONG) Centro para os Direitos Humanos no Irã, com sede em Nova Iorque.

“Os iranianos não deviam ter de arriscar a vida para exercer o direito constitucional de se reunir pacificamente”, acrescentou a ONG.

Vídeos enviados à organização e posteriormente analisados pela AP mostram uma multidão correndo, depois de uma granada de gás lacrimogêneo atingir os manifestantes.

As pessoas tossem e espirram enquanto tentam escapar, com uma mulher a gritar, em farsi: “Eles dispararam gás lacrimogêneo contra as pessoas! Praça Azadi. Morte ao ditador!”.

A Polícia antimotim, com uniformes e capacetes pretos, reuniram-se na Praça Vali-e Asr, na Universidade de Teerã, e em outros pontos da capital.

Membros da Guarda da Revolução patrulhavam a cidade em motos, e outras forças da segurança à paisana também foram mobilizados para as ruas. As pessoas olhavam para baixo, enquanto passavam rapidamente pela polícia, aparentemente para tentar não chamar a atenção.

Queda avião –Na quarta-feira (8), a queda do avião ucraniano, abatido por um míssil, causou a morte de todas as 176 pessoas que se encontravam a bordo, a maioria iranianas e canadenses.

Inicialmente, as autoridades iranianas negaram qualquer culpa das Forças Armadas no acidente. Após três dias, o Irã admitiu que o avião foi derrubado acidentalmente, diante das crescentes provas e acusações apresentadas por vários líderes ocidentais.


Polícia do Irã diz que não usou força letal em protestos


Mulher discute com um policial iraniano durante manifestações anti-governo no país após o abate o avião ucraniano que levava 176 pessoas a bordo
Foto: Reprodução

Após o Irã admitir que foi o responsável pela queda de um avião civil com 176 pessoas a bordo, milhares de manifestantes foram às ruas do país para protestar contra o governo. A polícia diz ter recebido ordens de não atirar contra os manifestantes, mas há relatos de que tiros foram disparados para dispersa-los.

Em vídeos publicados na internet, manifestantes pediam a renúncia do Líder Supremo, aiatolá Ali Khamenei, e o chamavam de mentiroso. Outros vídeos mostravam pessoas rasgando imagens do general Qasem Soleimani, morto após uma operação dos Estados Unidos que tinha o intuito de elimina-lo. Em uma universidade, os manifestantes se recusaram a pisar sobre a bandeira americana e a de Israel.

Em um comunicado, Hossein Rahimi, chefe de polícia de Teerã, disse que “nos protestos, a polícia não atirou de forma nenhuma, porque os policiais da capital foram ordenados a mostrar comedimento”. Além da capital, as cidades de Shiraz, Esfahan, Hamedan e Orumiyeh também tiveram manifestações.

Mas a revolta que se formou na opinião pública iraniana, poucos dias após do funeral de Soleimani ter atraído milhares de pessoas às ruas, veio após o governo negar, via porta-vozes e ministros, a culpa pela queda do avião que matou todos a bordo nos arredores de Teerã.Publicidade

A admissão da culpa ocorreu somente três dias após o abate. Neste meio termo, somente os governos do Canadá e do Reino Unido (que possuíam nacionais dentro do voo) mudaram de opinião quanto ao motivo da queda. Já a Ucrânia foi o único país que esperou uma posição iraniana e tratando o assunto com precaução.

Enquanto as tensões entre estados Unidos e Irã estarem diminuindo após uma semana de iminência de guerra, Teerã enfrenta as tensões sociais se elevando dentro de seu território. Em menos de três meses, a população foi às ruas para protestar contra o governo.

Em novembro de 2019, as ruas foram tomadas em protesto contra um novo pacote econômico elaborado pelo governo que tinha o objetivo de contornar a crise gerada pelas sanções dos Estados Unidos principalmente no setor do petróleo. Na época, centenas foram mortos e outros milhares ficaram feridos.

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