
Entregas de dinheiro em quartos de hotel, destinatários de pagamentos ligados a políticos graúdos e milhões e milhões de reais, era como funcionava o esquema da Construtora Odebrecht descoberto pela polícia por meio de pistas valiosas encontradas em locais insuspeitos, como em HD de um computador abandonado, em São Paulo, segundo publicação da revista Crusoé neste fim de semana.
De acordo com a matéria, os arquivos estavam antiga sede paulistana da Transnacional, uma transportadora de valores que foi à falência, onde foi encontrado os arquivos no PC abandonado com os registros de centenas de entregas de dinheiro a destinatários a mando da Odebrecht, pelo seu departamento criado com este fim, o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
Nos arquivos do HD havia registros de ordens de pagamento, senhas, valores, endereços e nomes dos destinatários das entregas, além de mensagens trocadas entre os agentes da transportadora que coordenavam as entregas.
A Crusoé teve acesso aos arquivos da Transnacional que englobam dois anos de operação da transportadora e cruzou as informações trocadas entre os agentes com as planilhas do doleiro e do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht para identificar quais pagamentos estão atrelados aos codinomes criados pela empreiteira. Somente entre janeiro de 2014 e maio de 2015, auge dos pagamentos ilícitos por causa das eleições, foram 532 entregas de dinheiro vivo no valor total de 248,9 milhões de reais.
A partir do cruzamento de dados feito pela reportagem, surgem os nomes de diversos políticos bem conhecidos — os beneficiários dos pagamentos ilícitos, segundo as evidências. Entre eles, estão Gleisi Hoffmann, Geraldo Alckmin, Michel Temer, Gilberto Kassab, Edison Lobão e Paulinho da Força.
A partir dos dados, foi possível saber o local e valor da entrega, além do destinatário da propina — em geral um assessor, amigo, segurança, motorista ou até parente de político que intermediava o pagamento.
A reportagem afirma ainda que “os arquivos da Transnacional são as evidências mais consistentes obtidas pela Lava Jato para tentar incriminar os políticos delatados pela Odebrecht”.