*Augusto Bernardo Cecílio

Setembro, em Manaus, ganhou uma nova cor e um significado especial. Desde 2019, o mês passou a ser oficialmente dedicado à conscientização e ao diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil. Trata-se do Setembro Dourado, instituído pela Lei nº 2.481, proposta pelo vereador Professor Samuel, que transformou em política pública um movimento que já mobilizava médicos, famílias e instituições de apoio em todo o país. Ao incluir a campanha no calendário oficial da cidade, a legislação não apenas reconhece a importância do tema, como também cria espaço para que a sociedade e o poder público se unam em torno de um objetivo comum: salvar vidas.
O câncer infantil ainda é uma das principais causas de morte por doença entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos no Brasil. Embora o número de casos seja menor do que o registrado entre adultos, a gravidade da doença e a rapidez com que pode evoluir tornam o tema urgente. Leucemias, linfomas e tumores cerebrais estão entre os diagnósticos mais comuns, mas em muitos casos os primeiros sinais passam despercebidos. Palidez excessiva, hematomas sem causa aparente, febres persistentes ou inchaços que não desaparecem podem parecer sintomas banais, mas devem ser investigados. É justamente nesse ponto que a campanha ganha força: ao alertar pais, professores e profissionais de saúde para a importância da observação atenta e do encaminhamento precoce.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que, quando diagnosticado a tempo, o câncer infantil pode alcançar índices de cura próximos a 80%. Essa estatística, mais do que um número, é a prova de que informação e agilidade no atendimento podem significar a diferença entre a vida e a morte. No Amazonas, a Fundação Centro de Controle de Oncologia (FCecon) confirma que os casos locais seguem o mesmo padrão nacional, com predominância de leucemias e linfomas. A instituição reforça que quanto mais cedo se inicia o tratamento, maiores são as chances de sucesso.
Mas o Setembro Dourado vai além das estatísticas. Ele mobiliza famílias, instituições e entidades de apoio como o Grupo de Apoio à Criança com Câncer do Amazonas (GACC-AM) e o Grupo Raio de Sol, que oferecem acolhimento, hospedagem e suporte a crianças em tratamento e seus familiares. Em muitos casos, pacientes precisam se deslocar do interior para Manaus ou até mesmo para outros estados, e esse amparo se torna essencial para garantir dignidade durante a luta contra a doença. A lei fortalece esse trabalho ao dar visibilidade às iniciativas, aproximando a sociedade de uma causa que pede engajamento coletivo.
Em setembro, a cor dourada simboliza a luta de milhares de crianças e adolescentes. A cada iluminação de prédio público, a cada ação educativa em escolas, a cada doação em campanhas solidárias, renova-se o pacto de que a infância deve ser protegida. O vereador Professor Samuel, autor da lei, ressaltou ao apresentá-la que a mobilização em torno da causa precisava estar presente de forma permanente no calendário da cidade. Sua iniciativa deu voz a um movimento que une ciência, políticas públicas e solidariedade em torno de um mesmo objetivo.
Mais do que um mês de conscientização, o Setembro Dourado é um convite para que a sociedade manauara compreenda que o câncer infantil não é uma sentença de morte, mas uma batalha que pode ser vencida quando travada com informação, diagnóstico precoce e apoio coletivo. A lei representa, portanto, mais do que um ato legislativo: é um farol de esperança, lembrando que cada criança merece não apenas cuidados médicos, mas também a oportunidade de crescer e viver plenamente.
*Auditor fiscal e professor.