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Ator global Amaury Lorenzo protagoniza filme sobre eletrificação de Manaus

Gravado em Manaus, Iranduba (ruínas de Paricatuba) e Presidente Figueiredo no mês de agosto, com roteiro e direção do cineasta amazonense Sérgio Andrade e co-direção de Flávia Abtibol e Zeudi Souza, o longa-metragem Iluminação traz como estrela principal o ator global Amaury Lorenzo, que ficou conhecido nacionalmente por sua interpretação como Ramiro na telenovela Terra e Paixão e por protagonizar o beijo gay mais intenso e duradouro da televisão brasileira, dividindo a cena com o ator Diego Martins (Kelvin).

O filme, que é ambientado no início do século XX, em 1908, mostra o contexto do processo de eletrificação de Manaus, a segunda cidade brasileira a receber energia elétrica, e conta, de forma inédita, com a direção feita em formato parcialmente remoto de Sérgio Andrade, que se encontra com problemas de saúde e está impossibilitado de comparecer ao set de filmagem de forma presencial todos os dias.

A narrativa traz o embate entre as forças da modernidade e do progresso e o legado espiritual da floresta, em um misto de cultura regional, ficção e ancestralidade.

Para o ator Amaury Lorenzo, que interpreta o engenheiro elétrico Youssou, filho de um inglês com uma africana, que se une à personagem Hermídia (Miramaia), uma indígena, em uma viagem metamórfica à floresta com o objetivo de concluir a conexão elétrica da cidade, a Amazônia é o cinema por excelência.

“Quando a gente entra na floresta, tem uma luz cinematográfica; quando a gente atravessa os rios, a gente tem um cenário cinematográfico; quando a gente ouve as histórias do povo amazonense, dos ribeirinhos, dos povos indígenas, dos encantados e do povo que vive na capital de Manaus, por exemplo, nós ouvimos histórias cinematográficas. A Amazônia, para mim, é cinema”, afirma.

De acordo com o ator, a Amazônia é chave de transformação, não só para a região, mas para todo o país e para o mundo. “Com muita humildade e com muita honra, eu recebo esse presente que é estar interpretando um personagem do roteiro do grande cineasta amazonense e brasileiro, chamado Sérgio Andrade, com uma equipe linda amazonense, com co-direção do Zeudi e da Flávia. Eu me sinto muito orgulhoso e, com muita humildade, pedindo passagem, pedindo licença à floresta, esse bioma tão poderoso de um povo tão poderoso que eu admiro muito”, exalta Amaury.

O roteiro não aborda apenas o desenvolvimento da eletrificação, mas também toca na luta contra as maldições ancestrais da Amazônia, com o intuito de iluminar não apenas os caminhos físicos, mas também libertar os espíritos da escuridão, onde os personagens Youssou e Hermídia terão que enfrentar fenômenos sobrenaturais, como o espírito do Jurupari e um misterioso ser metamorfo, Cattus (Daniel Moss).

Segundo Amaury, é importante pensar que devem existir cada vez mais políticas públicas que possam contribuir para o incremento de diversas ferramentas que potencializam toda a diversidade brasileira do Sul, do Centro-Oeste, do Sudeste, do Nordeste e do Norte, onde todas as culturas múltiplas do país possam narrar, por meio de produções cinematográficas, as suas histórias e as raízes dos seus povos, dos quais todos brasileiros fazemos parte. “A Amazônia, para mim, é cinema, e é muito importante que o Brasil e o mundo vejam a Amazônia e o seu povo poderoso na tela grande”, almeja.

Narrativa

Autor do roteiro e diretor do longa-metragem, Sérgio Andrade, que acompanha apenas algumas das gravações das filmagens, conta que a narrativa fez parte de um processo de investigação natural pela história e vivências daquela época, incluindo políticas que ditaram o ritmo do desenvolvimento das cidades do Brasil e do mundo no início do século XX.

“Aqui no Amazonas, sempre me intrigou esse olhar estrangeiro que nos colocou no lugar do atraso, das ausências. E a trama principal de Iluminação parte justamente do contrário, do lugar de vanguarda, do desenvolvimento e da pujança. Não à toa fomos a segunda capital no Brasil a ter luz elétrica”, afirma Andrade.

A ideia, ainda de acordo com Sérgio Andrade, é, em primeiro lugar, dialogar com o público amazonense, buscando propor uma identificação com a trama e despertar a curiosidade por fatos tão relevantes dessa passagem histórica do Amazonas.

“Seja por abordar a questão espiritual, os mitos, os encantados, seja por adentrar na questão socioambiental, do desenvolvimento que pode custar a preservação desse lugar tão precioso e a fragilização de povos tradicionais, Iluminação fala sobre todos esses temas sem ser panfletário, propondo um diálogo sincero com os amazonenses e os conclamando a pensar a Amazônia a partir do seu passado e propondo um futuro sustentável”, contextualiza.

Para ele, o Brasil nos últimos anos tem dado um outro valor para as produções cinematográficas, e é possível assistir cada vez mais diretores amazonenses posicionando o Amazonas como esse cenário principal da construção de narrativas regionais. “E isso se faz importante porque divulgamos o Amazonas para o Brasil e para o mundo, fortalecendo nossa força e, sobretudo, valorizando a nossa cultura e a nossa gente”, finaliza

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