
Boletim divulgado às 21h12, desta terça-feira (4) informou a morte do ator Paulo Gustavo, de 42 anos, internado no Rio com complicações da Covid-19. Ele teve uma piora rápida no seu quadro de saúde. Leia o informativo médico na íntegra:
“Às 21:12h desta terça-feira, 04/05, lamentavelmente o paciente Paulo Gustavo Monteiro faleceu, vítima da COVID-19 e suas complicações. Em todos os momentos de sua internação, tanto o paciente quanto os seus familiares e amigos próximos tiveram condutas irretocáveis, transmitindo confiança na equipe médica e nos demais profissionais que participaram de seu tratamento. A equipe profissional que participou de seu tratamento está profundamente consternada e solidária ao sofrimento de todos.”
Após saber da piora do quadro médico do ator, fãs se concentraram na porta do hospital Copa D’or, na Rua Figueiredo Magalhães, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, onde o cenário é de comoção.
Veja a cronologia do quadro de saúde do ator:
ECMO
No dia 2 de abril os médicos submeteram o ator a um tratamento de Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO), uma técnica que utiliza um pulmão artificial para ajudar na respiração. O procedimento pode ser utilizado em casos graves em que a ventilação mecânica convencional da UTI não consegue dar conta de suprir da demanda de oxigênio para os pulmões. O paciente pode ficar com o ECMO até que os pulmões se recuperem e readquiram a sua função básica.
A técnica passou a ser aplicada com mais frequência durante o ano passado e este justamente para tratar pacientes com Covid-19. Durante a pandemia de H1N1, em 2009, o método também ajudou a salvar vidas. Ainda sim, o estado de Paulo Gustavo teve pouca evolução.
Depois disso, no dia 4 e no dia 8 de abril, o paciente apresentou fístula bronco-plurais e preciso passar por um procedimento de endoscopia para corrigir a falha na membrana responsável pelo esvaziamento de ar dos pulmões.
Entre os dias 11 e 15 de abril, os relatórios indicaram uma nova piora. No período, Paulo Gustavo foi submetido a diversas intervenções e procedimentos cirúrgicos. Ele ainda precisou repor a coagulação.
Pneumonia bacteriana
No último dia 27 os médicos atualizaram o quadro e informaram que o humorista havia apresentado uma pequena melhora, apesar de enfrentar uma pneumonia bacteriana. A pneumonia é um processo inflamatório que acomete as regiões mais terminais das vias aéreas, que seriam os brônquios e o pulmão.
A enfermidade é causada por microrganismos, como um vírus, uma bactéria (responsável pelo quadro atual de Paulo Gustavo) ou um fungo. A infecção bacteriana, que leva à pneumonia, pode acontecer em nível comunitário ou nível hospitalar, e cada um possui esquema de antibióticos diferentes.
Embolia Pulmonar
O último boletim médico, divulgado na última segunda-feira (3), indicou que Paulo Gustavo teve uma piora brusca após sofrer de embolia pulmonar. “À noite, subitamente, houve piora acentuada do nível de consciência e dos sinais vitais, quando novos exames demonstraram ter havido embolia gasosa disseminada, incluindo o sistema nervoso central, em decorrência de uma fístula bronquíolo-venosa. Infelizmente, a situação clínica atual é instável e de extrema gravidade”, informa um trecho do boletim.
A embolia pulmonar resulta da obstrução das artérias dos pulmões por coágulos, seja trombos ou êmbolos, que na maioria das vezes se formam nas veias das pernas ou pélvis, sendo liberados na circulação sanguínea. Por mais que seja raro, ainda existem casos de embolias gordurosas desencadeadas por traumas ou fraturas e também de embolias aéreas (formadas por bolhas de ar) e de líquido amniótico.
O nível de gravidade do quadro é correlacionado com o tamanho do êmbolo. Portanto, os maiores podem afetar a circulação pulmonar e ser uma condição mortal. Para tratar inicialmente a embolia pulmonar, é preciso administrar o oxigênio e a heparina por meio de uma via intravenosa com medicamento de ação rápida para evitar o aumento dos coágulos e a formação de novos. Inclusive, os medicamentos precisam ter acompanhamento médico.
Trajetória
Nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, o comediante se formou em interpretação na Casa das Artes de Laranjerias, na capital fluminense. Ele ganhou visibilidade em 2004 com a peça Surto. Na TV, Paulo Gustavo teve papéis em Prova de Amor, Minha Nada Mole Vida e A Diarista em 2006. No ano seguinte, ele viveu o Delegado Lupicínio em Sítio do Picapau Amarelo.
Mas foi em 2011, atuando ao lado de Lilia Cabral em Divã, que ganhou destaque nacional. No mesmo ano, estreou o programa 220 Volts, um de seus maiores sucessos da carreira.
Diretor e roteirista, Paulo se consagrou com monólogo Minha Mãe É Uma Peça, em que interpretou a própria mãe, Dona Hermínia. A peça virou filme em 2013. No mesmo ano, Paulo Gustavo estreou a primeira temporada do programa de comédia Vai Que Cola, no Multishow, que foi ao ar até 2020.
No cinema, Paulo Gustavo atuou também em Xuxa em O Mistéiro de Feiurinha (2009), Os Homens São de Marte (2014), Fala Sério, Mãe! (2017), Minha Vida em Marte (2018), além dos três filmes de Minha Mãe É Uma Peça (2013, 2016 e 2019).
“Minha Mãe é Uma Peça 3” bateu recorde e é o filme nacional de maior bilheteira, tendo uma arrecadação de R$ 143,9 milhões. No papel da cômica mãe que coloca seus filhos acima de tudo, Paulo Gustavo conquistou o Prêmio Shell na categoria Melhor Ator.