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Augusto Cecílio: “Em tempo de vírus”

*Augusto Bernardo Cecílio

Muitos dizem que até das coisas ruins devemos extrair ensinamentos. No momento em que a humanidade enfrenta esse gigantesco desafio, é fundamental que saibamos tirar proveito para outros que poderão aparecer no futuro. No entanto, sabemos que se hoje estamos vivos é porque os nossos antepassados conseguiram sobreviver às centenas de agressões, o que nos dá o alento e a certeza de que em breve venceremos esse inimigo invisível.

   Os cientistas correm contra o tempo, as pesquisas avançam e logo surgirá a vacina que nos salvará. Temos que fazer a nossa parte e pensar cada vez mais no coletivo. Fundamental, também, é o respeito e a disciplina que a população deve ter, obedecendo às ordens do governo e do comando desse combate, e jamais pensar que isso é uma coisinha boba, uma gripezinha, ou que por termos um clima quente estaremos livres.

   O desrespeito e a irresponsabilidade de banhistas em praias brasileiras mostram que muitos pagam pra ver, mesmo com tantos mortos mundo afora, como é o caso da Itália, um país rico e estruturado, só pra ficar num exemplo.

   As autoridades, como formadoras de opinião, também devem agir com responsabilidade, transparência e rapidez, colocando todas as suas energias no nosso principal inimigo: o coronavírus. Não é hora de promover passeatas em plena pandemia. Eu, por exemplo, jamais iria me arriscar a balançar bandeirinhas somente para alegrar políticos, fortalecer guerrinhas entre poderes, ou servir de escada para os interessados em ganhar força e solidificar posição em busca de objetivos nada claros.

   Percebemos, também, que países poderosos estão correndo da sala pra cozinha, tentando apagar incêndios, demonstrando claramente que estão preparados para outro tipo de guerra, menos para o combate a pandemias. Nos EUA, por exemplo, a resposta não foi suficientemente rápida, apesar de sabermos que nenhum país do mundo estava preparado para um vírus como esse. E a escassez de exames para detectar os doentes de Covid-19 perturba lá e cá. Ou seja, fabricam armas poderosas pra matar. E para salvar?

   Em Manaus, até o simples álcool em gel e a máscara não são encontrados. Ontem percorri quatro das principais redes de drogarias e não encontrei. Andei pelos dois maiores supermercados da capital e também não encontrei. Do que adianta abrir tantas drogarias e um supermercado por semana se são incapazes de prever que os estoques zerariam? Veja que a população ainda não está desesperada. E haja CEO, que não consegue repor um estoque. Um fracasso!

   Isso sem falar em tantos supermercados onde a higiene dos consumidores não é levada a sério. É comum não existir sequer uma pia em estabelecimentos famosos daqui. Você é obrigado e pegar carrinhos sujos e sair com as mãos pegajosas e grudentas, levando sujeira para o seu carro e sua casa. Falta respeito!

   Diante disso, os governantes devem agir com rapidez para que as famílias possam dispor desses produtos, tão essenciais à prevenção dessa doença. No Pará o governador resolveu que a venda desses produtos seria por CPF, restringindo a compra por pessoa para evitar desabastecimento. E aqui, que nem encontramos?

   Lá o governador também solicitou autorização ao Confaz para conseguir isentar temporariamente o ICMS sobre álcool em gel e álcool 70% no mercado local, além de combater a abusividade nos preços.

   Por fim, a população também deve colaborar e agir com responsabilidade e educação. Fica difícil você conter um garçom que fala em cima das pessoas, ou de alguém atrás de você na fila de uma farmácia. As pessoas praticamente encostam nas outras e só faltam pular por cima de quem está na frente. Aí só a educação salva.

*Auditor fiscal e professor.

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