
O Banco de Olhos do Amazonas, criado para receber doações de córneas, celebra 20 anos de existência na próxima terça-feira (7). Diante a queda no número de doações e a longa fila que se estabeleceu, o Intituto tenta conscientizar sobre a remoção do órgão, que só pode ser realizada mediante a autorização de um familiar da pessoa considerada morta.
As captações de córneas (tecidos) no Amazonas iniciaram em 2004, totalizando até o momento 2.340 mil transplantes. Atualmente, 70% dos doadores amazonenses são moradores dos municípios do interior do estado.
De acordo com a Central de Transplantes da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), a captação de córneas sofreu uma queda na pandemia.
Em 2022 foram realizados 116 transplantes de córnea no Amazonas, contra 90, em 2023. A Saúde acabou se deparando com uma nova doença, e impossibilidade de avaliar possíveis consequências de uma córnea afetada pelo novo coronavírus.
A pandemia refletiu ainda no estado emocional das famílias. E, além das questões emocionais, as pesssoas acabam esbarrando na falta de informação sobre o procedimento.
Conforme a Central de Transplantes, muitas famílias recusam a doação de órgãos, por não entenderem o que é a morte encefálica, quando acontece a completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro. É nesse momento que os órgãos precisam ser retirados para doação. O tempo é crucial, já que os órgãos precisam ser preservados.
Segundo a Enfermeira Helem Figueiredo, responsável pelo setor de Doação de Órgãos no Hospital e Pronto-Socorro Dr. João Lúcio Pereira Machado (HPSJL), onde ocorrem 80% das doações no estado, é essencial reforçar a importância de comunicar à família sobre o desejo de ser um doador.
“A resolução federal é bem clara. É a família que autoriza a doação de órgãos. Então, a pessoa tem que informar o familiar, tem que deixar claro em vida que é doador de órgãos, porque somente assim podemos ter o aumento da doação de órgãos no Estado”, relata.
Conforme o artigo 3º da Lei nº 9.434/1997, a retirada de tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes depende da autorização da família.
É no Banco de Olhos que as córneas doadas são avaliadas, processadas e preservadas. Para isso, são utilizados materiais de alta qualidade e equipamentos de ponta.
A unidade funciona 24 horas na Fundação Hospital Adriano Jorge e no Instituto Médico Legal, e conta com técnicos e médicos capacitados para realizar o processamento da córnea, da doação ao envio para o transplante. Eles também estão prontos para prestar todos os esclarecimentos solicitados pelos familiares dos doadores bem como aos receptores de córnea.
A posição na lista nacional para o transplante é estabelecida com base em critérios como tempo de espera e urgência do procedimento.
Quero ser um doador de órgãos. O que fazer?
Quem quiser ser doador de órgãos pode registrar de forma oficial essa vontade num documento digital. A Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos, a AÊDO, pode ser feita em qualquer um dos mais de 8 mil cartórios de notas do país.
O documento digital pode ser preenchido de forma gratuita no site aêdo.org.br ou no aplicativo e-notariado.
Lá, a pessoa escolhe qual órgão deseja doar, como medula, intestino, rim, pulmão, fígado, córnea, coração ou até todos. Esse formulário eletrônico, então, é recebido pelo cartório de notas selecionado pelo interessado em doar.
Depois, o representante do cartório faz uma videoconferência com o doador pra identificá-lo e registrar, oficialmente, a vontade dele. Feito isso, os dois assinam digitalmente a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos, passando a valer juridicamente a vontade do doador.
Agora, com o registro eletrônico no cartório, os profissionais da Saúde podem comprovar à família o desejo da pessoa morta em doar órgãos.
Segundo o Ministério da Saúde, hoje, no Brasil, 60 mil pessoas aguardam na fila do transplante de órgãos. E, no ano passado, três mil morreram pela falta de doação de órgãos.
Então, lembrando, a sua vontade espontânea de doar órgãos pode ser registrada oficialmente no aplicativo e-notariado ou no site no site aedo.org.br .