
O artista amazonense Bboy Pufe, indígena do povo Kokama, vai representar o Brasil no Outbreak Europe 2025, um dos maiores campeonatos de breaking do mundo, que acontece até 27 de julho, na cidade de Banská Bystrica, na Eslováquia.
Nome de destaque na cena nacional, Pufe leva na bagagem não só técnica e estilo, mas também a força de sua ancestralidade e da periferia manauara que o formou.
Pufe vai competir na categoria 1×1 B-Boy e País × País, uma das mais tradicionais do evento. “Minha apresentação mistura técnica, musicalidade, originalidade e a força cultural da Amazônia.
Estou treinando intensamente, cuidando da alimentação e mergulhando em estudos sobre minha ancestralidade e identidade. Não é só sobre ganhar, mas mostrar de onde venho e por que dançamos. Levo comigo a energia do povo Kokama, da periferia de Manaus e da Casa Hip Hop AM em cada movimento”, afirma.
Antes de embarcar para a Eslováquia, ele passou por São Paulo, onde venceu a tradicional Rival VS Rival, na cidade de Diadema, conquistando o primeiro lugar na categoria Seven to Smoke – Geral 2.
Trajetória
Com mais de 15 anos de trajetória no breaking, Pufe é também educador e coordenador da Casa Hip Hop, localizada na Zona Leste de Manaus. “Minha vivência na Zona Leste é a base de tudo que eu sou, como artista, como educador e como ser humano. Cresci vendo na arte um caminho de escape e de construção. Foi dentro da comunidade que aprendi o valor da coletividade, da resistência e da criatividade diante das dificuldades. E é essa energia que carrego comigo em cada passo de dança”.
Da Zona Leste
Mais do que dança, o que move o artista é a potência do hip hop como linguagem da periferia: “O hip hop, especialmente nas periferias, é muito mais do que arte — é sobrevivência, é educação, é identidade. O breaking me ensinou a acreditar em mim quando ninguém mais acreditava. Me ensinou disciplina, foco, e principalmente que posso transformar minha realidade com aquilo que eu tenho, com quem eu sou”.
Sobre o que espera ao subir no palco do Outbreak Europe, ele resume com a potência de quem sabe exatamente o que representa: “Quero que o mundo veja que um jovem da Zona Leste de Manaus, indígena, periférico, educador e artista, pode alcançar o impossível sem deixar suas raízes para trás. Quero mostrar que a quebrada tem talento, tem força, tem cultura, e que nossos sonhos são grandes demais pra caber nos limites que tentam nos impor”, conclui Pufe.
Para custear a viagem e a permanência na Eslováquia, já que não recebeu apoio financeiro institucional, Pufe está promovendo uma rifa solidária. Quem quiser contribuir pode entrar em contato diretamente com ele pelas redes sociais: no Instagram (@pufe98_) ou no Facebook, onde está como Anderson Silva.