Portal Você Online

Biden encerrará mandato sem cumprir promessas de investimentos para Amazônia

O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, encerrará seu mandato no próximo domingo (19) com uma agenda ambiental frustrada e promessas de investimentos que não saíram do papel durante seus quatro anos na Casa Branca.

De concreto, Biden fez apenas gestos simbólicos, como recolocar os EUA no Acordo de Paris e tirar uma foto no meio da floresta amazônica, no Museu da Amazônia, em Manaus.

As promessas de Biden para a área ambiental diminuíram ao longo do tempo. Durante um debate contra o então presidente Donald Trump, em 2020, Biden se comprometeu a trabalhar para que o hemisfério e o mundo investissem US$ 20 bilhões no Brasil para o combate ao desmatamento e às queimadas.

Já na Casa Branca, Biden nomeou o ex-secretário de Estado do governo Barack Obama, John Kerry, para ser o responsável e negociador ambiental com o governo brasileiro, então sob o comando de Jair Bolsonaro (PL) e com Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente.

Salles cobrou dos norte-americanos um investimento de US$ 1 bilhão por ano durante quatro anos, mas sem se comprometer com a redução das queimadas na Amazônia.

Na prática, as conversas de Kerry com o governo brasileiro se arrastaram até os dois últimos anos do governo Bolsonaro e nenhum recurso foi aportado pelos EUA.

O investimento dos EUA para proteção da Amazônia

Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, que trouxe uma agenda ambiental alinhada à de Biden, o presidente dos EUA tomou medidas para se encontrar com o então presidente eleito antes da posse e prometeu um aporte de US$ 50 milhões, cumprindo a promessa.

No entanto, esse valor foi considerado insignificante e descrito no comunicado conjunto dos dois países como um “gesto unilateral”, “voluntário” e “de boa vontade”.

De concreto, foi o único recurso que Biden investiu no Fundo Amazônia, composto por recursos da Noruega (US$ 3,5 bilhões) e da Alemanha (US$ 500 milhões).

Em abril de 2023, como desdobramento do “gesto de boa vontade” representado pelos US$ 50 milhões prometidos antes da posse de Lula, Biden anunciou que os EUA pretendiam aportar US$ 500 milhões no Fundo Amazônia em cinco anos.

No entanto, os recursos nunca entraram na conta do fundo, pois para isso seria necessária autorização da Câmara dos Representantes dos EUA, onde a maioria republicana bloqueou o debate e o envio do dinheiro nunca foi colocado em pauta.

A última promessa do governo Biden foi feita durante a visita a Manaus, em 17 de novembro de 2024, quando ele se tornou o primeiro presidente dos Estados Unidos, no cargo, a visitar a Amazônia. No Museu da Amazônia, Biden assinou uma ordem executiva doando ao Fundo Amazônia US$ 50 milhões.

Esses recursos fazem parte de uma agenda maior que inclui o lançamento da Coligação Brasil de Financiamento da Restauração e da Bioeconomia, que prevê investimentos públicos e privados no valor de US$ 10 bilhões até 2030.

Outra estrutura prevista na agenda ambiental de Biden, anunciada em Manaus, era o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, com investimento de US$ 125 bilhões.

O problema dessas iniciativas é que foram tomadas praticamente no apagar das luzes do governo democrata, e a aprovação dessas medidas sob um novo governo de Donald Trump, que assume na próxima segunda-feira (20), é bastante improvável.

“Trump é um presidente negacionista das mudanças climáticas e fez campanha com o slogan ‘perfure, baby, perfure’, estimulando ainda mais a produção de petróleo”, lembra o professor e ambientalista da Universidade Federal do Amazonas, Sérgio Gonçalves.

Notícias Relacionadas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *