
Um estudo inédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) identificou a viabilidade de quatro novos corredores de BRT (Bus Rapid Transit) em Manaus até 2054. O investimento estimado é de R$ 2,85 bilhões, conforme dados do ENMU (Estudo Nacional de Mobilidade Urbana) realizado em parceria com o Ministério das Cidades.
A pesquisa mostra que a capital amazonense deverá ampliar sua rede de transporte público de média e alta capacidade com 48 quilômetros de novos corredores de BRT, distribuídos entre os eixos extremo norte, norte/leste, área central e extremo sul. As intervenções fazem parte de um conjunto de 187 projetos previstos para 21 regiões metropolitanas do país com investimentos de R$ 434 bilhões.
Segundo o estudo, os projetos de Manaus têm potencial para reduzir o tempo médio de deslocamento em 6%, o custo operacional por viagem em 8% e evitar a emissão de 34,6 mil toneladas de CO₂ por ano. O impacto econômico estimado com a redução do tempo de viagens é de R$ 887 milhões, e o valor social presente dos benefícios — que inclui ganhos de tempo, redução de emissões, eficiência operacional e segurança — pode chegar a R$ 1,8 bilhão no cenário padrão e R$ 5,6 bilhões no cenário otimizado.
As projeções do ENMU indicam ainda que a implementação dos corredores de BRT em Manaus poderá evitar até 10 óbitos, em média, no trânsito por mês até 2054, contribuindo para um transporte mais seguro e sustentável. No cenário otimizado, que considera políticas adicionais de priorização do transporte coletivo e desestímulo ao transporte individual, a redução de emissões pode alcançar 8%, e os ganhos de mobilidade se tornam mais expressivos.
O presidente do banco, Aloizio Mercadante, afirma que a iniciativa contribui para a criação de políticas públicas voltadas a “um transporte mais eficaz, menos poluidor e mais seguro”.
O ministro das Cidades, Jader Filho, disse que os projetos selecionados “mostram que o Brasil está buscando se adaptar às mudanças do clima com ações que unem sustentabilidade, mobilidade e inclusão social”. Segundo ele, investir em transporte coletivo limpo é também investir “nas cidades e nas pessoas para que os centros urbanos se tornem mais resilientes, com menos poluição e deslocamentos mais rápidos e seguros”.
O documento enfatiza que os sistemas de média e alta capacidade, como o BRT, possibilitam maior eficiência energética, menor necessidade de subsídios e reduzem custos de operação por passageiro transportado. Em Manaus, a ampliação desses sistemas é vista como uma medida essencial para enfrentar o crescimento urbano e melhorar a integração entre os bairros e o Centro.
O ENMU, iniciado em 2024, concluiu 87% de suas etapas e prevê a consolidação de uma carteira nacional de projetos para concessões e parcerias público-privadas (PPPs). A próxima fase deve abordar modelos de financiamento e garantias públicas voltadas à mobilidade urbana e à captação de recursos privados, além de mecanismos de governança metropolitana.
Até 2054, o estudo projeta que Manaus e as demais capitais brasileiras possam alcançar um sistema de transporte mais acessível, eficiente e ambientalmente sustentável, com base em práticas de gestão integrada e políticas que priorizem o transporte coletivo sobre o individual.



 
 
