
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse esperar que o ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), peça vista (mais tempo para análise) no julgamento sobre abuso de poder político e econômico que pode deixá-lo inelegível. O ex-chefe do Executivo elogiou o magistrado e afirmou que ele tem “apego à lei”.
“O primeiro a votar depois do relator é o ministro Raul, conhecido por ser um jurista que tem bastante apego à lei, apesar de estar num tribunal político. Há possibilidade de pedir vista, é bom porque ajuda a gente a clarear os fatos”, disse.
A declaração foi dada em entrevista à Rádio Gaúcha. De acordo com as regras do TSE, caso o ministro peça mais tempo para analisar o processo, os autos devem ser devolvidos em até 60 dias. Se esse prazo for estourado, a ação vai para julgamento automaticamente.
O tribunal iniciou, na quinta-feira (22), o julgamento da ação que acusa o ex-presidente de abuso de poder político e econômico e pode deixá-lo inelegível por oito anos.
Na sessão, foi lido o relatório do ministro Benedito Gonçalves; os advogados de acusação e defesa também se manifestaram; e o Ministério Público Eleitoral (MPE) se posicionou pela condenação do ex-chefe do Executivo.
Inelegibilidade
Para o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, “estão estampados” elementos que justificam afastar Bolsonaro das eleições, como desvio de finalidade, busca de vantagem na disputa eleitoral de 2022, além da gravidade da conduta. “Conclusão dos autos conduzem que o evento foi deformado em instrumento de manobra eleitoreira, traduzindo em desvio de finalidade”, afirmou.
O julgamento foi suspenso pelo presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes, após a fala do vice-procurador-geral eleitoral. A discussão será retomada nesta terça-feira (27), com a votação dos integrantes do tribunal. A previsão é que o resultado saia na sessão da próxima quinta-feira (29).
A ação, apresentada pelo PDT, gira em torno da reunião organizada pelo ex-presidente com os embaixadores, em 18 de julho de 2022, no Palácio da Alvorada, em que ele colocou em xeque a segurança do sistema eleitoral e apontou risco de fraude nas eleições, sem apresentar nenhuma prova.


