
A Polícia Federal ouviu por duas horas nesta quarta-feira (26) o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro, no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura os nas invasões de 8 de janeiro e mira os autores intelectuais dos atos que culminaram na depredação do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e do próprio STF.
Os investigadores querem entender se o ex-presidente também estimulou os atos em Brasília após a eleição do presidente Lula (PT).
Bolsonaro compartilhou, na madrugada de 11 de janeiro, uma postagem contra o sistema eleitoral brasileiro, com entrevista do procurador Felipe Gimenez, do Mato Grosso do Sul.
“Lula não foi eleito pelo povo brasileiro. Lula foi escolhido pelo serviço eleitoral, pelos ministros do STF e pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral”, diz Gimenez no vídeo compartilhado.
O procurador virou alvo de representação na Corregedoria da Procuradoria Geral Eleitoral. À imprensa, ele disse nunca ter mantido qualquer contato com Bolsonaro.
Bolsonaro apagou a postagem de seu perfil cerca de duas horas depois. No depoimento à PF, hoje, o ex-presidente afirmou que a postagem foi “acidental”, que ele queria enviar o vídeo para seu WhatsApp para assistir posteriormente, mas acabou teclando errado e repostando o conteúdo publicamente no feed.
Segundo o advogado Paulo Cunha Bueno, Bolsonaro estava internado num hospital em Orlando, sob efeito de morfina.
“Essa postagem foi feita de forma equivocada, tanto que, pouco tempo depois, duas ou três horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou essa postagem. Observo, inclusive, que essa postagem foi feita na sua rede social de menor importância”, disse Cunha Bueno.
“Realmente aquilo ali foi um equívoco na hora de salvar um arquivo para posteriormente poder visualizá-lo e assisti-lo integralmente”, continuou.
Fábio Wajngarten, ex-secretário de Imprensa, também aconhapou o depoimento de Bolsonaro e disse que o presidente “sequer havia percebido que tinha postado o conteúdo e só tomou conhecimento depois por assessores”. “Assim que alertado, apagou o vídeo.”
Wajngarten ressaltou que, em seu depoimento à PF, Bolsonaro reiterou sua condenação aos atos de 8 de janeiro e lembrou que o ex-presidente fez um tuíte repudiando as invasões ainda na noite do dia 8.
Bolsonaro se limitou a responder sobre postagem em seu depoimento e evitou comentar outras perguntas para não prejudicar sua defesa no processo que corre no Tribunal Superior Eleitoral. Neste outro caso, Bolsonaro é acusado de abuso de poder político ao questionar a segurança das urnas eletrônicas. Sua defesa afirma que o encontro com os diplomatas não configurou ato eleitoral.