
O presidente Jair Bolsonaro baixou o tom e a virulência dos últimos discursos e resolveu falar dos avanços do país na sua gestão nesses 15 meses de forma cordial, para os padrões dele. Num discurso lido, ele reconheceu que seu maior desafio no enfrentamento da pandemia do coronavírus é salvar vidas, sem deixar a economia ir pelo ralo. “Meu objetivo sempre foi salvar vidas”, disse o presidente, mas que assegurar os empregos e o “pão de cada dia” era tão importante quanto evitar o avanço do vírus.
O presidente ressaltou medidas do Governo Federal contra a pandemia, anunciando novos leitos em hospitais, kits para testes e respiradores. “Estamos tomando todas as medidas possíveis para proteger o emprego e a renda de todos os brasileiros”, explicou. Ele destacou ainda o aumento dos beneficiados do Bolsa Família e o “coronavoucher”, auxílio de R$ 600 para trabalhadores informais que foi aprovado pelo Congresso e aguarda a sanção do Executivo.
Em trecho do discurso voltou a citar um trecho de uma fala do diretor da Organização de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, para justificar sua fixação no afrouxamento do isolamento social com a volta das atividades no país. Ghebreyesus disse durante a semana que veio de família pobre e sabe das necessidades que muitas pessoas têm que trabalhar todos os dias para ganhar seu pão diário e os governos têm que levar isso em conta.
O uso dessa citação, como praticamente toda e qualquer frase solta de Bolsanaro, logo viralizou e se tornou um dos assuntos mais comentados e pauta dos principais veículos de comunicação. O Jornal Nacional abriu o seu noticiário com o tema, em tom de gravidade, na voz de Willian Boner.
“Temos uma missão: salvar vidas sem deixar para trás os empregos”, continuo o presidente, que elevou a categoria da Covid-19 de “gripizinha” a uma doença que ainda não tem vacina, nem tratamento, reconhecendo a gravidade e a dimensão da pandemia. “Não temos vacinas nem tratamentos cientificamente comprovados, apesar da hidroxicloriquina parecer bastante eficaz”, disse o presidente, que há dias atrás havia exaltado as pesquisas do medicamento, que é utilizado no tratamento da malária.
Ao final do discurso, Bolsonaro agradeceu os profissionais da saúde, da segurança, os produtores rurais e os de chamados “serviços essenciais”.