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BR-319 recebe título de ‘rodovia da lama’ que espera asfalto há 52 anos, em reportagem

BR-319 com carro atolado

Neste domingo (4), reportagem do site de notícias Poder 360 estampa matéria de destaque reportagem sobre a BR-319 (Manaus-Porto Velho), com o título: “Rodovia da lama” na Amazônia espera asfalto há mais de meio século. Uma pauta exaustivamente noticiada pelos veículos de comunicação da região, que defendem a repavimentação da estrada que tira do isolamento mais de 4 milhões de pessoas nos estados do Amazonas e Roraima com o restante do país por via terrestre..

A questão do isolamento é retratada com maior evidência quando não se trata de um tribo indígena recentemente descoberta, mas quando se fala de Manaus, capital amazonense com mais de 2 milhões de habitantes e dona do quinto Produto Interno Bruto (PIB) do país.

“A única rodovia que conecta Manaus (AM) a outras regiões do Brasil, a BR-319, que vai até Porto Velho (RO), espera asfalto há 52 anos”, diz a reportagem sobre a “rodovia da lama”, citada como alvo de disputas judiciais e ambientais, que prorrogam uma solução definitiva para conectar Manaus ao resto do Brasil.

Iniciada em 1968, no governo Costa e Silva (1967-1969), foi inaugurada quatro anos mais tarde, em 1972, já sob a presidência de Emílio Garrastazu Médici. A matéria lembra que naquela época, o deslocamento de Porto Velho a Manaus era de 12 horas. Hoje, pelo mapa do Google dá 15 horas a mais a viagem de 870 km.

A reportagem do portal Poder 360 faz ainda uma trajetória histórica da estrada, das gestões federais e da batalha ambiental travada pelo direito de ir e vir de milhares de brasileiros dessa região da Amazônia. Veja abaixo:

O site informa que em 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro (PL), o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) emitiu uma licença prévia para a obra. A liberação ocorreu após um acordo entre o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e o Ibama no TCU (Tribunal de Contas da União).

Mas em 25 de julho de 2024, a Justiça do Amazonas suspendeu a licença, colocando em xeque o cronograma imaginado pelo governo Lula para a obra. A decisão tem caráter liminar e o Executivo, segundo apurou o Poder360, espera conseguir revertê-la em breve por meio de recurso do Dnit.

Segundo o Poder 360, para os parlamentares governistas, conseguir uma licença definitiva para a pavimentar a rodovia até o fim de 2025 seria uma grande conquista. A partir daí, o governo estima que seria necessário mais ao menos 1 ano e meio para iniciar a obra. Então, precisaria de mais 2 anos para concluir o asfaltamento.

Havia otimismo com o avanço dos trâmites ambientais depois da divulgação do relatório final de um grupo de trabalho criado pelo Ministério dos Transportes para analisar soluções para a BR-319.

OBSERVATÓRIO

O grupo concluiu que a estrada tem condições de conseguir licenciamento ambiental. Envolveu Ibama e Ministério do Meio Ambiente. Ninguém foi contra o texto final. Não é como analisa, entretanto, o Observatório do Clima, que entrou com o pedido para suspensão da licença prévia concedida pelo Ibama.

“Historicamente, as estradas são vetores de desmatamento na Amazônia. Você tem que olhar na região se tem condições para controlar esse desmatamento. A estimativa dos técnicos é que o desmatamento na região se multiplicaria em 4 vezes”, afirmou Suely Araújo, Coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima ao Poder360.

O governo argumenta que a pavimentação da rodovia reduziria pela metade o atual custo de R$ 150 milhões por ano para manter a estrada da forma como está, sendo quase R$ 10 bilhões nos últimos 10 anos. A ideia seria trazer um parceiro privado para gerenciar equipamentos, sistemas de controle e pontos de acesso da BR.

“O Observatório do Clima pediu a suspensão da licença prévia porque deram atestado de viabilidade a uma obra que hoje é inviável. Não estamos dizendo que daqui a 10 anos essa obra não pode ser viável, mas hoje não dá […] nosso posicionamento é que não é possível asfaltar a estrada se não temos presença do governo na região”, declarou a porta-voz do Observatório.

No fim o resume é que há 52 anos, interesses conflitantes impedem que a BR-319 seja asfaltada e o Norte do país esteja melhor integrado ao resto do Brasil. E que Manaus é uma espécie de novo El Dourado fincada no meio da Floresta Amazônica.

A reportagem não faz uma atualização recente do cenário da economia do 6º PIB brasileiro diante da catástrofe da seca deste ano. Os empresários não tem um Plano B de logística para as mais de 500 fabricas instaladas no Polo Industrial de Manaus, a não ser de instalar portos flutuantes temporários a 170 km de Manaus para fazer um transbordo de cargas. Operação que aumento o curto do frete e consequentemente dos produtos para os consumidores.

GÁRGALO LOGÍSTICO

Enfrentando uma seca severa pelo segundo ano consecutivo, os insumos que chegam pelas hidrovias naturais da região são impedidos pelos gargalos da navegação e os produtos fabricados não abastecem o mercado nacional devido o escoamento da produção.

O modal hidroviário tem um custo menor que o rodoviário, mas numa situação de estiagem, a estrada é uma alternativa que permite o transporte do parque industrial de Manaus, que bateu recordes na produção de ar condicionados e possui um dos maiores polos de duas rodas da América Latina.

Os empresários da região se queixam do isolamento do resto do Brasil e reclamam que o principal modal logístico do país é o rodoviário e o Distrito Industrial da capital amazonense fica isolado durante o período de chuvas, quando a estrada fica em piores condições, apesar de caminhoneiros desafiarem os atoleiros do trecho do meio da BR-319.

Atualmente, empresas de ônibus interestaduais mantem linhas regulares no trecho Porto Velho – Manaus, mas durante o período da chuva o percurso fica impraticável.

Uma passagem aérea – foram suspenso os voos diretos entre Manaus e Porto Velho e vão retornar em outubro – as vezes chegam a custar R$ 5 mil e famílias inteiras são obrigadas a enfrentar os 870 km da BR-319 em carros particulares, vans ou lotação, numa viagem que dura dois dias.

Não só a economia e o social sofrem com a situação atual da estrada. Em 2021, no ápice da pandemia de Covid-19, comboios de carretas transportando oxigênio levaram dias para chegar a Manaus vindo de Porto Velho, enquanto os amazonense morriam com falta de ar nos hospitais. Os aviões da FAB tinham capacidade para levar apenas 5 mil metros cúbicos do produto, enquanto uma só carreta transportava seis vezes mais.

“Teve uma decisão judicial agora e deixa incerto de saber se [a obra] vai andar ou não. É uma brincadeira que os pseudo-ambientalistas que defendem interesses internacionais fazem com a gente. É o direito de ir e vir, a gente quer ser ligado por estrada. A gente quer fazer parte do Brasil”, disse o senador Omar Aziz (PSD-AM) ao Poder360.

Representantes do polo industrial de Manaus ouvidos pela reportagem argumentam ainda que o grupo de trabalho chegou a uma boa solução para pavimentar a rodovia respeitando as regras ambientais. Dizem não haver mais motivos para adiar a obra.

A ideia é que deixar a BR-319 sem asfalto seria facilitar crimes ambientais na região. Aziz, por exemplo, diz que é de conhecimento comum dos amazonenses que as madeireiras ilegais não precisam de pavimentação para atuarem na área.

“Uma estrada que está aberta desde a década de 70. Quem conhece aqui a nossa região sabe que os madeireiros não precisam de estrada para desmatar. Isso é uma justificativa que o Ministério do Meio Ambiente tem para justificar que vai haver desmatamento. Quem tem que cuidar do Brasil são os brasileiros e a política ambiental do país, atualmente, segue interesses internacionais”, disse o congressista.

Leia a matéria completa do Poder 360 em https://www.poder360.com.br/poder-infra/rodovia-da-lama-na-amazonia-espera-asfalto-ha-mais-de-meio-seculo/

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