
Pesquisa Violência e Democracia divulgada neste mês aponta que mais da metade (67,5%) dos brasileiros teme ser vítima de agressões físicas ao expor escolhas políticas.
O levantamento foi feito pelo Instituto Datafolha a pedido da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
O sentimento de medo não é em vão. Pelo menos 40 pessoas foram mortas em conflitos motivados por violência política somente neste ano, segundo o Observatório da Violência Política e Eleitoral da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio).
Dois casos de grande repercussão tiveram como vítimas o tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, assassinado enquanto comemorava o aniversário de 50 anos em julho; e o petista Benedito dos Santos, morto a facadas em Mato Grosso, neste mês. Em ambos os casos, os agressores eram bolsonaristas declarados.
Eleitores temem onda de violência
Pesquisa ‘A Cara da Democracia’ divulgada neste mês aponta que mais da metade (54%) dos eleitores brasileiros teme uma onda de violência política no país em caso de vitória do candidato Luís Inácio Lula da Silva na corrida para a presidência, como mostram as principais pesquisas.
O temor é menor em caso de vitória do atual presidente, Jair Bolsonaro. Se reeleito, 40% dos eleitores têm receio de haver agressões ou revoltas motivadas pelo resultado do pleito.
Analistas políticos alertam para o incentivo à violência com a tentativa do presidente Jair Bolsonaro de atacar o processo de votação eletrônica, inclusive, ameaçando não aceitar o resultado das eleições, caso perca.
No último dia 18, o presidente disse em entrevista ao SBT que se não vencer no primeiro turno com mais de 60% dos votos, “algo de anormal aconteceu no TSE”.
Em outras ocasiões, Bolsonaro também já disse que só vai respeitar o resultado das eleições se forem “limpas e transparentes”, apesar de nunca terem sido registrados casos de fraude no processo de votação eletrônico brasileiro desde que passou a ser utilizado, em 1991.
Atenção redobrada para evitar onda de violência
O temor de violência política no dia da votação fez o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançar na última quinta-feira uma campanha em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
A ação ‘Paz nas Eleições’ pede que a violência seja evitada na disputa eleitoral. Vídeos e spots estão sendo exibidos no rádio e na televisão. O anúncio seguirá até 2 de outubro.
Na terça, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, se encontrou com representantes das Polícias Civis de todos os estados do país para discutir a segurança no dia das eleições, incluindo protocolos para possíveis casos de insurgência.
No Amazonas, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM), desembargador Jorge Lins, teve um encontro com o chefe do Comando Militar da Amazônia (CMA), general Achilles Furlan Neto, para alinhar a segurança dos locais de votação em conjunto com a Polícia Militar.
O Centro Integrado de Comando e Controle do Amazonas (SICC) , ligado ao Governo do Estado, também foi ativado para permitir a maior observação dos órgãos de segurança a possíveis casos de violência no período que antecede o pleito e no dia da votação.
Eleitor com medo
A atenção expressada pela Justiça Eleitoral encontra eco na população. Uma pesquisa Datafolha divulgada neste mês aponta que quatro a cada dez brasileiros considera existir “grande possibilidade” de ocorrerem episódios de violência política no próximo dia 2 de outubro. O mesmo levantamento mostra que 9% admitem pensar em não ir votar no primeiro turno por receio de agressões.