O vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida ( PRTB), reuniu a imprensa nesta quarta-feira (27), às 12h, para um pronunciamento de 15 minutos onde afirmou que é inocente das investigações da Política Federal em que apontam ele como usuário de um escritório para planejar ações criminosas.
Em seu pronunciamento no Edifício Cristal Tower, na Rua Paraíba, em Adrianópolis, Almeida disse que a sala de advocacia era usada em reuniões com a sua equipe para discutir pautas relacionadas a sua função de vice-governador. Negou que o local fosse utilizado para articular propina durante a pandemia do novo coronavírus, ao contrário das investigações da PF.
“Pedi ao professor Rennan Thamay (dono do imóvel) para usar o escritório para reuniões com equipe que estava a cuidar da pauta que sempre me dediquei: a da moradia. O local em questão fica em uma das zonas mais movimentadas da cidade, em frente, inclusive, à Justiça Federal, contando com câmeras e registros de entrada de veículos e pessoas. Para lá me desloquei com carros oficiais e acompanhado da equipe de segurança institucional, sempre de forma pública e transparente”, disse.
Segundo o vice-governador, as imagens de acesso ao prédio demonstrariam que ele não fez nada de errado, ou ato “escuso”. As imagens foram gravadas nos dias 18, 19 e 30 de maio – ele pediu exoneração da Casa Civil no dia 18. Na ocasião, durante a reunião do dia 30, de acordo com ele, a pauta do encontro foi moradia, na qual foi rascunhado um Projeto de Lei para o setor.
O escritório, segundo o político, foi o único lugar disponível para a reunião, já que não utiliza as dependências da sede do governo desde a sua exoneração da Casa Civil e também não queria usar sua casa para não expor seus filhos e a sogra idosa aos riscos de contágio da Covid-19.
Durante a investigação, a PF teve acesso a imagens de câmeras de segurança do edifício que mostram Carlos Almeida chegando ao local. Em uma das gravações, ele sai do edifício com uma mochila nas costas. De acordo com Almeida, a bolsa identificada nas imagens se trata de uma lancheira usada por ele.
“Há pelo menos oito anos controlo minha alimentação e ando com uma lancheira diariamente. Todas as pessoas que mantiveram contato comigo nesse tempo têm ciência de tal fato. A mesma lancheira aparece em imagens relativas a diversos outros momentos da minha atuação profissional, dando conta que é usual a sua presença e que em várias ocasiões eu mesmo seguro a referida lancheira”, alegou o vice-governador.
Durante o pronunciamento, Almeida também afirmou que mesmo sendo chefe da Casa Civil do Estado, nunca fez ‘qualquer ingerência’ em nenhuma secretaria. Disse ainda que jamais determinou a compra dos respiradores da empresa Sonoar, investigada durante as investigações.
“Em nenhum momento determinei a qualquer pessoa, servidor público ou não, que atuasse visando o direcionamento ou a compra de produto relacionado à Saúde. Em nenhum momento determinei a compra junto a fornecedores específicos. Em nenhum momento determinei a compra de respiradores da empresa Sonoar”, explicou.
Aperação Sangria
O vice-governador foi alvo de um mandado de busca e apreensão durante a segunda fase da “Operação Sangria”, que investiga desvios de recursos da área da saúde e superfaturamento na compra de 28 respiradores usados durante o pico da pandemia no Amazonas.
Confusão
Após o pronunciamento, um princípio de tumulto movimentou os jornalistas que cobriam o pronunciamento de Carlos Almeida. Como o formato do encontro foi de pronunciamento, alguns profissionais tentaram quebrar o protocolo e fazer perguntas, o que não foi permitido pela segurança do vice-governador e houve um bate-boca e confusão.
Segurança afastada
No final da tarde, o governo do Amazonas distribuiu nota, por meio da Casa Militar, informando que a integrante da equipe de segurança do vice-governador, sargento da Polícia Militar, Michele Welche Silva Lobo, foi afastada da sua função. Ela integrava a equipe de segurança do vice-governador e se envolveu na confusão com uma jornalista.
“A determinação é para que seja aberto processo administrativo para a devida apuração dos fatos e adoção de medidas cabíveis. O Governo do Amazonas ressalta que preza pela liberdade de imprensa e a correta postura dos seus servidores”, diz o comunicado da Casa Militar.